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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
lugar onde passara toda sua vida. Talvez em algum estágio<br />
anterior da caminhada, dissesse que o que enxergava era melhor<br />
que seu vilarejo, ou então que o que via era a essência da beleza<br />
e em sua cidade a beleza espremia-se pelos cantos, afugentada<br />
pelo poder da feiúra. Ficou contente com sua definição “o<br />
contrário”, nela não havia méritos ou deméritos, nela havia<br />
espaço para mudanças e aceitava-se as qualidades e defeitos de<br />
ambos os lugares.<br />
Além disso, essa sua caminhada sempre teve por objetivo,<br />
mesmo quando decidiu não ter objetivos, o alargamento de sua<br />
percepção da vida, e o que havia de melhor para aumentar o<br />
campo de visão, do que conhecer dois extremos opostos do que<br />
quer que seja? Agora novamente tinha um objetivo, caminharia<br />
em direção do local onde todas as flores se unem. Lembrouse<br />
de quando havia caminhado na direção da grande árvore<br />
solitária de flores amarelas, de como tinha sido enganado pelas<br />
distâncias, não se esqueceu também das miragens, que sempre<br />
pregavam peças nos viajantes ansiosos. Mas não estava ansioso,<br />
e não achou que aquele tipo de luz fosse capaz de contar<br />
mentiras.<br />
Quando deu o primeiro passo tinha um sorriso nos<br />
lábios, o motivo eram os ciclos. Eles vêm e vão, e além de<br />
não nos darmos conta de suas existências, nos esquecemos<br />
rapidamente de seus altos e baixos. Vivemos o instante, que<br />
está embrulhado no futuro e recheado de passado. O momento<br />
inconsciente e inconsistente é nossa única religião, e pelos<br />
poros da consciência escorrem as memórias de todos os nossos<br />
ciclos. Acreditamos nas projeções cotidianas de uma realidade<br />
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