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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
Logo em seguida outras começaram a aparecer. Elas estavam<br />
todas lá, as mesmas velhas estrelas da noite anterior. Sentiu algo<br />
como uma sensação de acolhimento, recordou-se do que havia<br />
sentido quando se enterrou num buraco para fugir do frio.<br />
Mas, no fundo, a sensação era diferente, daquela vez ele havia se<br />
entregado completamente ao prazer que sentia, dessa vez tudo<br />
parecia mais pálido, uma solidariedade da qual desconfiava e<br />
que sabia imperfeita.<br />
Mas isso não o incomodava, conformava-se com aquilo<br />
que possuía e acreditava que tinha exatamente o máximo<br />
que poderia ter, qualquer coisa a mais seria um excesso<br />
mentiroso, mais peso para carregar inutilmente. de<br />
repente reparou na lua. Ela já deveria estar lá há um bom<br />
tempo, mas só agora ele percebera. A lua cheia iluminava<br />
a noite com suas luzes prateadas. Algumas flores do alto<br />
dos arbustos tiveram suas cores ressuscitadas pelo luar.<br />
Mas não eram exatamente as cores que existiam durante o<br />
dia, agora se apresentavam atenuadas de suas extremidades<br />
cromáticas. O prateado, por outro lado, adicionava um<br />
brilho particular, que parecia dar equilíbrio à cor, podando<br />
tudo o que fosse excessivo aos olhos. Após admirar essa<br />
tonalidade, surgiu-lhe a idéia de que a cor mais bonita para<br />
os olhos de qualquer pessoa, é qualquer uma, desde que<br />
viesse acompanhada por esse brilho prateado.<br />
Em seu canto, agora já completamente escuro, desejou que<br />
seus olhos tivessem esse brilho, mesmo que nem ele e nem<br />
ninguém conseguissem enxergá-lo. Talvez seu inconsciente<br />
tenha tentado ajudá-lo, criando um nó em seu peito, que se<br />
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