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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
em cujo fundo havia poças d’água. As tonalidades diferentes da<br />
terra formavam desenhos abstratos, que após alguma observação<br />
ganhavam formas concretas. Na linha do horizonte o céu azul<br />
mergulhava na terra avermelhada. A luz cada vez mais forte do<br />
sol soldava essas cores distantes, tornando difícil para os olhos<br />
a contemplação dessa mistura rica. O mundo se mostrava árido<br />
e colorido. As poças d’água dos fundos dos buracos pareciam<br />
indefesas e condenadas, diante do sol cada vez mais forte.<br />
As linhas de terra mais escura desenhavam formas na terra<br />
avermelhada, e conforme caminhava, tinha impressão de que elas<br />
se movimentavam. Chegou mesmo a sentir-se acompanhado<br />
por essas formas móveis. Com o canto dos olhos percebia que<br />
elas continuavam lá, seguindo-o. Isso o incomodava, talvez<br />
tivesse a necessidade de ser o pioneiro em seu percurso. Parou<br />
para que o movimento também cessasse, olhou para o barranco<br />
de terra avermelhada e bem no meio dele havia uma camada de<br />
terra preta que se parecia com uma cobra.<br />
A idéia de ser se<strong>guido</strong> por uma serpente o perturbou<br />
e trouxe com ela várias idéias inconvenientes. Por um bom<br />
tempo combateu-as, procurando enxergar na camada de<br />
terra, apenas terra. As primeiras gotas de suor escorreram<br />
de sua testa. Limpou-as com a mão e esqueceu-se da cobra, a<br />
água para beber era mais importante do que ela. Temeu não<br />
haver outra fonte de água que não fosse o riacho, que já há<br />
um bom tempo tinha sumido. Lembrou-se das poças d’água<br />
do fundo dos buracos, mas aquela água deveria ser de chuva.<br />
Não teria dificuldades de voltar até o último ponto onde vira<br />
o riacho, mas não queria limitar seu percurso aos desejos do