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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
mais longa do que a que tinha percorrido até agora, daria meiavolta<br />
imediatamente.<br />
Mas acabou deixando seus pés continuarem, mesmo sem<br />
muita vontade. Passos curtos e lentos de quem não tem muita<br />
certeza de porquê está caminhando. O caminho agora era<br />
completamente plano e a vegetação pobre e tediosa. Para piorar<br />
começaram a cair algumas gotas de garoa, que lentamente foi<br />
engrossando. Ele continuou com o mesmo ritmo e nem pensou<br />
em procurar algum lugar para se abrigar da chuva. Apenas<br />
deixou-a acontecer, participando dela.<br />
Lembrou-se do esforço que havia feito para secar-se, da outra<br />
vez que havia se molhado, e do prazer que sentiu quando se<br />
enterrou para fugir do frio. Instintivamente olhou para a terra,<br />
que agora era lama. Não sentiu nenhuma vontade de enterrar-se<br />
ali. Mas se a terra estivesse seca, sua indiferença provavelmente<br />
seria a mesma. A chuva parou e deixou o caminho cheio<br />
de poças d’água. Ele continuou com seu ritmo, seus olhos<br />
estavam distantes, não que seus pensamentos estivessem em<br />
outro lugar, parecia que seu cérebro tinha pálpebras e que elas<br />
estavam fechadas. Mas as pálpebras de seus olhos verdadeiros<br />
permaneciam abertas, e deles escorriam gotas de chuva que<br />
pareciam lágrimas. Mas naqueles momentos ele estava tão<br />
distante das alegrias quanto das tristezas, e por isso mesmo,<br />
aquelas falsas lágrimas não iriam se transformar em verdadeiras.<br />
Parou, precisava de descanso, sentou-se sobre a lama.<br />
Permaneceu um bom tempo apalpando-a e sentindo sua<br />
consistência. A primeira idéia concreta que lhe surgiu foi, se