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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
depois desse tempo parado sentou-se no chão deixando<br />
que as perguntas o bombardeassem: se conseguisse viver<br />
completamente sozinho, resolvendo ele mesmo todos seus<br />
problemas de alimentação, moradia, e se psicologicamente se<br />
sentisse bem, não sofrendo com a solidão e nem com nenhum<br />
outro mal advindo de sua condição, não estaria ele atingindo o<br />
mais alto grau de desenvolvimento a que qualquer homem já<br />
chegou? Não soube responder.<br />
O que faria com o fruto de sua convivência com a natureza<br />
muda, escreveria suas impressões na areia para que o vento<br />
apagasse, sem se preocupar com o desaparecimento, ou então<br />
apenas engoliria tudo o que o mundo fosse lhe oferecendo,<br />
tentando tudo deglutir e vomitando os excessos? Não<br />
soube responder. E se não conseguisse resolver os problemas<br />
psicológicos, se o fardo da solidão fosse pesado demais, ele se<br />
tornaria alguém que urra de dores e tenta com uma pedra quebrar<br />
o dente que lhe faz sofrer. Esquecendo-se de sua raiz inflamada.<br />
Surgiu-lhe na mente a imagem dele próprio carregando pedras<br />
na mão, que serviriam para minorar seu sofrimento.<br />
O peso que as flores mortas tinham tirado de seus ombros,<br />
sua imaginação tinha recolocado lá. Interrompeu sua criação,<br />
não sem antes se perguntar por quê sempre que criava algo, isso<br />
logo se transformava em dor e tristeza. Não soube responder.<br />
Procurou então se esquecer de todas as perguntas e<br />
dessa sua tendência de criar mundos fictícios recheados de<br />
sofrimento. desejava que o movimento natural de seu corpo<br />
fizesse escorrer de seus ombros esses pesos inúteis, que uma