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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
tinha importância, logo era conduzido a pensar naquelas<br />
que realmente tinham. Mas dessa vez isso não aconteceu.<br />
Estava se distanciando do mundo feito de heróis. Pessoas,<br />
objetos e situações igualavam seus brilhos, e nada ou ninguém<br />
distinguiria sua silhueta da dos outros. Percebendo isso, não<br />
pode deixar de considerar esse acontecimento como um sinal<br />
claro de que estava se tornando um adulto. Continuou o<br />
raciocínio tentando definir o que seria um verdadeiro adulto,<br />
talvez fosse alguém que olhasse para um objeto, sem deixar<br />
que qualquer de suas partes individuais conseguissem fazê-lo<br />
formar uma opinião sobre o todo desse objeto.<br />
Mais um sorriso, dessa vez foi proporcionado por uma<br />
pergunta irônica: será que valia a pena ser adulto? Tentou<br />
pesar o custo benefício dessa escolha mas não conseguiu<br />
distanciamento suficiente para uma resposta. Experimentou<br />
então a técnica de imaginar-se fora da situação, enxergando<br />
tudo de longe, novo fracasso. Procurou não pensar mais nesse<br />
assunto, estava se tornando um adulto e não queria mais lutar<br />
contra isso. Lembrou-se das tremendas oscilações emocionais<br />
que tinha no início da caminhada, e comparou com a<br />
serenidade que vivia naquele instante. Então permitiu-se uma<br />
última pergunta a respeito desse assunto: seria tornar-se adulto,<br />
ir aos poucos enfraquecendo suas emoções?<br />
Olhou para o céu com vontade de enxergar algum pássaro.<br />
Nenhum inseto, nenhum ruído, nem seus próprios passos<br />
escutava. O mundo parecia absorver todos os sons e engolir<br />
toda a vida. Saudades da escuridão apareceram, o mistério<br />
encoberto pela capa noturna e iluminado pela lua e pelos vaga-<br />
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