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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
um representante físico que simbolizasse tudo o que estava<br />
vivendo, acabou perdendo-se em comparações. Achou que<br />
em uma específica flor poderia estar contido o eterno, não se<br />
arrependeu de ter pensado assim, entretanto a transição mental<br />
do estado em que se encontrava, para um mundo mais físico e<br />
cheio de equivalentes e símbolos, acabou furando seu dedo e<br />
interrompendo sua vivência maior. Recolocando-o no mundo<br />
do tradicional fluxo de pensamentos. Quando deu por si,<br />
o sentir-se sangue e artéria ao mesmo tempo, não passava de<br />
memória. E ele mirava uma flor, que até poderia representar<br />
todo o universo, mas ele estaria mentindo se dissesse que nela<br />
conseguia enxergar algo além de uma flor.<br />
Sem que percebesse, a teoria da farpa havia voltado a<br />
funcionar. O pêndulo tinha se mexido, passando da ilusão<br />
para a desilusão. Mas as forças físicas que o moviam estavam<br />
apenas acumulando energia suficiente para que pudesse haver<br />
novo movimento. Não demorou, sua boca mostrava um leve<br />
desencanto, mas seus pés já se moviam com energia<br />
Continuou acompanhando o curso do riacho. Seu<br />
pensamento passeou por todos os lados, rápidas recordações de<br />
sua vida no vilarejo, logo bloqueadas, um grande resumo de todo<br />
seu percurso até aquele instante, imagens do céu escuro, da lua<br />
refletida n’água, retratos sem formas de todos seus sentimentos.<br />
Sabia que de vez em quando era preciso recuar um passo<br />
para se conseguir avançar dois, por isso mesmo deixou que<br />
as memórias mostrassem suas caras por algum tempo, antes<br />
de discretamente conseguir fazer com que desaparecessem.<br />
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