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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
ele não estivesse assim tão aferrado àquilo que não poderia mais<br />
continuar existindo. Seu pensamento levou-o para duzentos<br />
anos no futuro, época em que todas as pessoas que naquele<br />
instante estavam confortavelmente abrigadas do sol e bem<br />
hidratadas, já estariam todas mortas.<br />
Sua imaginação tentou formar um retrato desse mundo<br />
futuro, mas as imagens que se formavam estavam todas<br />
comprometidas por seu sofrimento físico. Naquele instante<br />
os mistérios do futuro eram apenas uma desculpa, imaginava<br />
uma época onde a morte tivesse ceifado a todos que conhecia.<br />
Igualando desse modo todos os destinos. Talvez sentisse<br />
vergonha do que estava vivendo, mas não podia admitir isso<br />
para si mesmo.<br />
Nesses delírios ensolarados concebeu pessoas da época que<br />
imaginou, todas muito gentis para com ele, seus personagens<br />
sabiam que ele pertencia ao passado, e o admiravam por isso,<br />
por essa sua vitória sobre a...<br />
Percebeu que sua situação estava delicada, as gotas de suor<br />
tinham diminuído de intensidade, isso não era bom sinal. A<br />
perda do equilíbrio emocional representaria o começo do fim.<br />
Reparou como, em pouco tempo, seus braços e pernas tinham<br />
se avermelhado ainda mais, ele estava confundindo-se com a<br />
cor da terra. A primeira decisão foi poupar energias, caminharia<br />
devagar e esperaria o sol baixar um pouco, procuraria abrigo<br />
nas sombras de algum arbusto. Olhando para os lados percebeu<br />
que todos eles eram baixos e desfolhados e não poderiam<br />
abrigá-lo. Lembrou-se da terra protetora, talvez conseguisse