Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
122<br />
<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
ou de ficar acordado. Pareciam não saber a resposta, de dia era<br />
vida, à noite morte, mas aquilo era um estado intermediário<br />
com o pior dos dois mundos. A chuva torrencial era um detalhe<br />
insignificante que não o perturbava.<br />
Abandonou aquele homem encharcado para refletir sobre<br />
sua própria condição, aquele mundo mal iluminado e mal<br />
resolvido, talvez fosse o que de mais próximo exista de alguma<br />
eventual verdade absoluta. A escuridão que a tudo encobre e<br />
as luzes que tudo revelam, seriam instrumentos da ilusão, que<br />
construíam projeções mentais de objetos escuros, ou então<br />
diriam que os objetos claros são a verdade última das coisas.<br />
Entretanto seria nesse mundo nebuloso e sem certezas que se<br />
esconderia o ferro e o concreto que dão estrutura à vida.<br />
Nessas flores amarelo-escuras e que a cada instante<br />
ficavam mais amarelas, estava escondido um grande mistério.<br />
O segredo do exato meio-termo, morte e vida perfeitamente<br />
sincronizadas escorrendo seus instantes de uma para outra.<br />
Batalhas que alternavam pontualmente vitórias e derrotas,<br />
e cujos participantes possuíam a sabedoria de jamais querer<br />
conquistar uma vitória após a outra. desejou saber se era<br />
possível alguém viver dessa maneira. Lembrando-se de seu<br />
personagem fictício, alegrou-se porque pelo menos não estava<br />
chovendo. Ao contrário de seu amigo inventado, achava que a<br />
chuva enfraqueceria ainda mais suas certezas.<br />
Agora o caminho era verde e cheio de flores. As cores<br />
lutavam contra a aurora. A trilha de barro ainda permanecia<br />
fiel à escuridão, mas sabia que aquilo era extremamente