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Humildade e passos ritmados, era disso que precisava<br />
e era para lá que o mundo o conduzia. Por enquanto ele era<br />
pouco maior que um arbusto, e as flores menores que sua<br />
mão. Parecia que a vida queria discipliná-lo, ensinando-o a<br />
cada instante coisas novas. Talvez o básico, que não havia<br />
sido bem aprendido. Estava como uma criança de colo que,<br />
cuidada pela mãe, aprende a dar os primeiros passos. Grande<br />
parte de seu orgulho havia ficado pelo caminho, e ele sentiu-se<br />
bem confortável em dar os primeiros passos, mesmo após uma<br />
caminhada tão longa.<br />
Ainda havia alguma distância entre ele e as flores. Olhou<br />
para sua mão posicionada na frente do bosque, que a essa<br />
distância cabia dentro dela. Naquele instante ele era o gigante<br />
que presentearia a amada com um buquê do tamanho do<br />
bosque. Sua grandeza estava em seus olhos e naquele instante.<br />
Eles juntos construíam gigantes que daqui a pouco tornavamse<br />
minúsculos homenzinhos, para quem uma flor era uma<br />
montanha a ser escalada.<br />
Os tamanhos só existiam se relacionados a outros objetos.<br />
Nada era isoladamente grande ou pequeno. Imagens de gigantes<br />
encolhendo até ficarem do tamanho de formigas invadiram<br />
seus pensamentos. E quando os gigantes uniram-se em grupo<br />
criando um formigueiro para eles, uma outra pergunta pode<br />
aparecer: não seria todo o resto assim também? As coisas só<br />
existiriam porque estavam relacionadas com outras, formando<br />
uma teia invisível que sustentava a vida. Nada existiria<br />
isoladamente e nada poderia ser separado do todo, nem se fosse<br />
destruído ou pulverizado, sempre sobrariam resíduos desses