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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
Vivia seu momento de grandeza, mas não havia arrogância<br />
em seus olhos. Sentia-se a mistura do universo inteiro com o<br />
que há fora dele. O tudo e o nada compartilhavam igualmente<br />
de suas energias. Sentia ter deixado pelo caminho boa parte dos<br />
pesos que havia carregado durante toda a vida. Havia adquirido<br />
uma condição diferente, não sabia bem como defini-la, a palavra<br />
que mais se aproximava do que sentia, era independência.<br />
Mas não queria se iludir, sabia estar tão longe da<br />
independência quanto sempre esteve e quanto qualquer um<br />
de seus conterrâneos estava. de qualquer maneira era muito<br />
bom haver se livrado de pesos inúteis que carregou por toda sua<br />
vida. Não sabia exatamente quais eram esses pesos, e enquanto<br />
procurava descobri-los, escutou um grito de seu lado prático “o<br />
tempo não importa, não perca o seu tempo.”<br />
Reiniciou a caminhada, parecia que a mata escura era<br />
sua velha conhecida, sentia-se confiante e com as energias<br />
restauradas. Seus braços doíam um pouco, mas nada que o<br />
impedisse de continuar com vontade. Percebeu que aquela<br />
era mais uma etapa que havia atravessado, iniciava um novo<br />
capítulo com bastante história já acumulada.<br />
O relevo agora tinha pequenas subidas e descidas, uma<br />
vegetação rasteira com algumas árvores isoladas, mas o<br />
interessante era que o riacho corria paralelo ao caminho. Não<br />
havia pedras no chão e a terra úmida massageava seus pés. A<br />
sensação de bem-estar em que vivia superava o desconforto das<br />
dores nos braços.