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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
o caminho do meio, seria possível encontrar grandeza longe<br />
das bordas? Ou o grande mora apenas nas pontas dos objetos?<br />
A pergunta lhe pareceu sólida, mas não se iludiu, os grandes<br />
carvalhos às vezes estão podres por dentro e desabam ao menor<br />
vento. Tentou dar uma resposta de casca grossa, que pelo menos<br />
aparentasse solidez: o grande mora nas bordas, no centro e em<br />
qualquer ponto intermediário de qualquer objeto que exista.<br />
Mas nossos olhos é que têm mais facilidade de enxergá-lo<br />
quando ele está no meio, bem em frente deles.<br />
Sem acreditar e nem descrer da resposta que havia dado,<br />
deixou espaço para mais uma pergunta: caso existisse um<br />
homem completamente neutro, será que ele conseguiria<br />
sorrir? Ou chorar? Não seriam o riso e o choro justamente<br />
conseqüências de uma ação extremada?<br />
Sua pergunta desdobrou-se em outras duas, e se não prestasse<br />
atenção estaria novamente em um campo de cogumelos que se<br />
reproduziam sem parar, cada um deles ansioso por sua própria<br />
resposta, que novamente conduziria a outras perguntas.<br />
Percebeu que ainda não era um homem neutro, que estava<br />
se encaminhando para isso, mas suspeitou que talvez o que<br />
houvesse fosse apenas caminho, e o homem perfeitamente<br />
neutro seria uma projeção de luzes no horizonte do deserto.<br />
Sorriu. Nem se lembrou da dúvida que tinha, se o<br />
homem neutro sorriria ou não. Talvez ele não fosse neutro,<br />
fosse apenas cinzento ou prateado. Aquilo não importava<br />
muito. Antigamente quando decidia que uma coisa não