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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
havia voltado de uma de suas longas curvas e ele pode lavar seus pés<br />
e mergulhá-los na lama macia. Sentiu suas dores aliviadas e acabou<br />
se esquecendo da pressa inconsciente que carregava. Massageou seus<br />
pés e ficou sentado à beira do riacho sem pensar em nada. Sentia os<br />
pés e a força da água que os envolvia, sentia a textura da lama e a<br />
primeira idéia que teve foi que adoraria poder construir sapatos<br />
cuja parte de dentro fosse tão macia quanto a lama do riacho.<br />
depois percebeu que as águas e a lama tinham cumprido sua<br />
missão e era hora de recomeçar. Levantou-se como quem tem<br />
de cumprir uma obrigação, antes passou uma grossa camada de<br />
lama sobre as solas dos pés, sabia que aquilo pouco o protegeria,<br />
mas queria levar uma recordação dos instantes de alívio.<br />
As dificuldades pioraram porque parecia que a quantidade<br />
de pedrinhas tinha aumentado, além disso, agora havia também<br />
pedras maiores e pontudas, cujos eventuais cortes seriam<br />
também maiores, precisava distingui-las no escuro e evitálas.<br />
Era todo atenção ao caminho, sabia que um corte maior<br />
poderia comprometer sua mobilidade.<br />
Nunca, desde que havia deixado o vilarejo, ele fora tão<br />
prático, bloqueou qualquer idéia que não fosse relativa ao<br />
caminho em si: calculava quantos passos daria até o próximo<br />
descanso, o tempo aproximado de cada pausa, estava sempre<br />
atento se ao redor poderia encontrar algo que servisse de<br />
proteção para seus pés. O resto do mundo não existia para ele.<br />
depois de mais algumas paradas, resolveu contabilizar<br />
seus cortes, já passavam de cem em cada pé. Eram pequenos,<br />
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