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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
se mover, seus olhos internos pareciam mais acostumados à<br />
luminosidade. O medo inicial, quando a noite começou a<br />
morrer, agonizava. Era apenas uma recordação distante.<br />
Os movimentos expandiam-se por todo seu corpo. A vida<br />
nascente inflava de sangue pulsante todas suas veias, e pelo o<br />
que percebia, deveria fazer o mesmo com toda natureza. Sua<br />
percepção também parecia mais aguçada, reparava nos odores<br />
da floresta, distinguia, à distância, suaves graduações de verde.<br />
A ele parecia que a natureza era um grande ente único que<br />
estava se comunicando. Sua linguagem muda era percebida<br />
por todos seus sentidos, e sua própria existência já era uma<br />
resposta às perguntas feitas pela natureza. A comunicação<br />
acontecia constantemente, e só seria interrompida quando ele<br />
interpusesse barreiras. Sabia ser seu cérebro sua grande fábrica<br />
de obstáculos.<br />
Relaxou o raciocínio, queria escutar o que a vida lhe dizia<br />
através da natureza. A noite estava condenada, escondia-se<br />
medrosa em cantos e atrás de algumas folhas escuras. Apesar<br />
do sol já ter invadido quase tudo, seus raios ainda eram suaves,<br />
bons condutores para as mensagens sutis da natureza.<br />
Ele deu alguns passos lentos, reparou nos detalhes escondidos<br />
pela noite. Não queria descobrir segredos, buscava apenas<br />
aumentar sua abertura contemplativa. Seus passos conduziramno<br />
à borda do riacho, a luz refletia nas águas formando sobre<br />
elas uma suave camada amarelada. Podia enxergar as pedras<br />
cobertas de limo verde. Seus olhos não enxergavam nenhum<br />
peixe, mas seu coração não se preocupou com isso. uma de suas<br />
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