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<strong>EMBAIXO</strong> das velhas <strong>ESTRELAS</strong><br />
Antes de conseguir qualquer resposta, seu raciocínio<br />
foi interrompido quando reparou que ao lado da árvore de<br />
copa cheia de folhas verdes, havia uma outra completamente<br />
seca. Reparou então, que próximo ao caule havia os restos de<br />
algumas flores amareladas. Era uma árvore da mesma espécie<br />
daquela, que coberta de flores amarelas, o tinha proporcionado<br />
momentos diferentes de tudo o que já vivera. Mas agora as<br />
flores tinham ido embora e restavam apenas os grandes dedos<br />
ósseos dos galhos, cada um indicando uma direção.<br />
As pobres flores que sobravam eram retratos desbotados<br />
do que um dia foram. Suas cores pálidas iam sendo corroídas<br />
por manchas marrons que em breve apagariam qualquer<br />
resquício da cor amarela. Ele decidiu tomar uma atitude.<br />
Nem se questionou sobre qual camada de seu ser inspirou tal<br />
movimento. Certamente não tinham sido as efêmeras folhas da<br />
copa, pois seu ato foi mecânico e brotou de alguma região sua<br />
que deveria estar em contato com a terra.<br />
Apanhou os restos de uma flor amarela e colocou-os nas<br />
águas. Acompanhou seus movimentos até perdê-los de vista.<br />
As curvas e submersões a que a correnteza submetia os restos<br />
da flor, parecia que atuavam sobre seus ombros. Quando<br />
recomeçou a caminhar sentiu-se mais leve, havia se livrado de<br />
um peso que carregava sem perceber.<br />
A morte flertava com o dia, as luzes diminuíam e pareciam-se<br />
cada vez mais com as de velas. Raios amarelados que molhavam<br />
as coisas que existiam. As sombras cresciam e começavam a se<br />
emendar. Nunca o dia havia sido tão belo. O sol mandava os