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Aspectos segmentais dos processos de sândi vocálico externo no ...

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O principal argumento <strong>de</strong> Clements & Hume para <strong>de</strong>ixar o traço [lateral] sob o nó coronal<br />

é que essa anexação explicaria o fato <strong>de</strong> que to<strong>dos</strong> os segmentos que têm o traço [lateral] são<br />

fo<strong>no</strong>logicamente coronais, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outra estipulação. No entanto, os autores<br />

apontam quatro problemas para essa observação: (a) quando uma nasal assimila em ponto <strong>de</strong><br />

articulação a um som lateral, <strong>no</strong>rmalmente não se torna lateral (por exemplo, em catalão e<br />

ioruba); (b) quando uma lateral assimila em ponto <strong>de</strong> articulação a uma não lateral, <strong>no</strong>rmalmente<br />

retém sua lateralida<strong>de</strong> (por exemplo, em espanhol e tâmil); (c) quando o nó <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> oral<br />

espraia <strong>de</strong> um [l] para um [s] na formação <strong>de</strong> oclusiva intrusiva (como em inglês: false [... l t s]), a<br />

oclusiva intrusiva resultante é central, não lateral; (d) obstruintes laterais po<strong>de</strong>m ser totalmente<br />

transparentes a regras <strong>de</strong> assimilação <strong>de</strong> longa distância que envolvem obstruintes coronais.<br />

Clements & Hume afirmam que esses fatos são fortes argumentos para anexar o traço [lateral]<br />

acima <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> articulação na hierarquia <strong>de</strong> traços (<strong>no</strong> nó raiz). Assim, po<strong>de</strong> ser que sons com<br />

o traço [lateral] sejam universalmente coronais <strong>de</strong>vido ao modo pelo qual esse traço é <strong>de</strong>finido.<br />

Como afirmou Clements, regras que envolvam classes naturais dão pistas <strong>de</strong> on<strong>de</strong> os<br />

traços estão na árvore. Observe-se como seria a análise para a regra <strong>de</strong> elisão <strong>de</strong> [i], consi<strong>de</strong>rando<br />

essas duas hipóteses a respeito da afiliação do traço [lateral]. 46<br />

Consi<strong>de</strong>re-se primeiramente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o traço [lateral] estar sob o nó [coronal],<br />

conforme a representação em (104). Como dito, o apagamento da vogal [i] é aplicado<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>dos</strong> valores <strong>dos</strong> traços [anterior] e [distribuído]. Assume-se, então neste<br />

trabalho, que não importa, para a regra, os valores abaixo do traço coronal. Se a lateral está sob o<br />

nó coronal, então seu valor não <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>rado para o processo e a regra <strong>de</strong>veria ocorrer,<br />

tal como acontece com os traços [distribuído] e [anterior]. Se o traço [lateral] estiver sob o nó<br />

coronal, /l/ teria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com a vogal /i/, exceto pelo traço [vocói<strong>de</strong>], <strong>no</strong> nó raiz. Não haveria,<br />

então, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar uma regra que não permitisse a elisão com /l/ e permitisse com<br />

/ & %/, que também têm o traço [-vocói<strong>de</strong>]. Mas os exemplos apresenta<strong>dos</strong> (cf. exemplos 85-<br />

93) mostram o contrário.<br />

46 Mira Mateus (1997) também coloca o traço [lateral] <strong>no</strong> nó raiz. Existem ainda outras análises, como a <strong>de</strong><br />

Gussenhoven & Jacobs (1998). Os autores mantêm a existência do nó supralaringal (<strong>de</strong> versões anteriores da<br />

geometria <strong>de</strong> traços; citam o trabalho <strong>de</strong> Broe 1992) que contém os traços [nas], [cont], [lateral], [aproximante] e o<br />

nó <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> articulação. Silva, Pacheco e Oliveira (2001) <strong>de</strong>scartam a existência <strong>de</strong> um traço [lateral] e mostram<br />

que a oposição entre laterais e róticos é dada pelo traço [contínuo]; propõem também que é previsto um traço<br />

[vibrante], que reúne róticos e os diferencia entre si. Essas análises po<strong>de</strong>riam dar conta <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>sândi</strong>, porém,<br />

como os da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>sândi</strong> não permitem dizer se há uma proposta melhor que a outra, optou-se, neste trabalho, pela<br />

análise <strong>de</strong> Clements & Hume.<br />

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