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Factores Críticos de Sucesso no Mercado do Vinho em Portugal e a ...

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Capítulo II<br />

História <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

<strong>Portugal</strong> é um país <strong>em</strong> que a produção <strong>de</strong> vinho s<strong>em</strong>pre foi uma tradição, estan<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> à<br />

história <strong>do</strong> país e marcan<strong>do</strong> algumas fases importantes da História, fundamentalmente pela sua<br />

importância económica enquanto sector importante para a Eco<strong>no</strong>mia nacional. É pois natural que<br />

essa mesma ligação e tradição tenham influencia<strong>do</strong> e continu<strong>em</strong> a influenciar o mo<strong>do</strong> como os<br />

Portugueses percepcionam e consom<strong>em</strong> vinho. Por essa mesma razão torna-se interessante saber<br />

alguns factos sobre a história <strong>do</strong> sector <strong>no</strong> país e perceber <strong>de</strong> que forma é que o vinho faz parte da<br />

cultura portuguesa. No Anexo 2, é apresenta<strong>do</strong> um capítulo que correspon<strong>de</strong> aos perío<strong>do</strong>s anteriores<br />

aos <strong>de</strong>scritos <strong>em</strong> baixo.<br />

O Século XX<br />

Com a crise da filoxera, o sector <strong>do</strong> vinho <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> entrava <strong>no</strong> século XX praticamente<br />

fali<strong>do</strong> (Mayson, 2005). Durante alguns a<strong>no</strong>s, a instabilida<strong>de</strong> política, com sucessivos gover<strong>no</strong>s, a<br />

Primeira Gran<strong>de</strong> Guerra e a crise económica não ajudaram e as políticas para o sector nunca<br />

conseguiram a reestruturação que necessitava, quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1932, Salazar, filho <strong>de</strong> um peque<strong>no</strong><br />

produtor <strong>do</strong> Dão, chega ao Po<strong>de</strong>r e inicia a implantação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo. Um regime burocrático,<br />

autoritário, proteccionista e regulatório que <strong>no</strong> caso da vitivinicultura, se reflectiu, por ex<strong>em</strong>plo: <strong>no</strong><br />

arranque da totalida<strong>de</strong> das cepas <strong>no</strong> Alentejo, agora rotula<strong>do</strong> como “Celeiro <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>”, com a<br />

totalida<strong>de</strong> das suas áreas produtivas <strong>de</strong>dicadas aos cereais; o <strong>de</strong>creto, que obrigava aos produtores<br />

o arranque <strong>de</strong> vinhas <strong>de</strong> híbri<strong>do</strong>s america<strong>no</strong>s provocou a revolta <strong>de</strong> muitos peque<strong>no</strong>s agricultores,<br />

que tinham na produção <strong>de</strong> vinho a sua subsistência. Sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> realçar a revolta <strong>de</strong> Válega <strong>de</strong> que<br />

resultou <strong>do</strong>is mortos entre a população revoltada; a criação <strong>de</strong> varia<strong>do</strong>s organismos regulatórios,<br />

encabeça<strong>do</strong>s pela Junta Nacional <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>, instituição responsável pela legislação, fiscalização e<br />

coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que tinha que ver com o <strong>Vinho</strong> e a Vinha <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, com a excepção <strong>do</strong><br />

<strong>Vinho</strong> <strong>do</strong> Porto e <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong> Ver<strong>de</strong>, da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições congéneres.<br />

Estávamos <strong>no</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> “Beber <strong>Vinho</strong>, é dar <strong>de</strong> comer a um milhão <strong>de</strong> Portugueses”, slogan<br />

<strong>de</strong> 1935, simbolo <strong>do</strong>s objectivos <strong>do</strong> regime que eram a utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra intensiva e a<br />

produção <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> forma padronizada. Datam <strong>de</strong>sta altura a criação das A<strong>de</strong>gas<br />

Cooperativas que juntavam os produtores <strong>de</strong> forma a padronizar os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> forma<br />

a se conseguir alguma qualida<strong>de</strong>, o que não foi consegui<strong>do</strong>, porque estas a<strong>de</strong>gas constituiram<br />

mo<strong>no</strong>pólios, arrasan<strong>do</strong> com praticamente toda a iniciativa privada acaban<strong>do</strong> com o incentivo para os<br />

agricultores produzir<strong>em</strong> uvas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Muito <strong>em</strong>bora a qualida<strong>de</strong> a um nível primário tenha<br />

melhora<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> a produção <strong>de</strong> artesanal a profissional, o carácter único <strong>de</strong> certos vinhos<br />

per<strong>de</strong>u-se, assim como a varieda<strong>de</strong>, um factor valoriza<strong>do</strong> <strong>no</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Vinho</strong>. Noutras regiões, como<br />

é o caso da Região <strong>do</strong> Dão, ainda hoje reconhecida pela heterogeneida<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong> produzida, a<br />

qualida<strong>de</strong> global diminuiu porque se estavam a misturar vinhos medíocres com vinhos <strong>de</strong> alta<br />

qualida<strong>de</strong>, não se produzin<strong>do</strong> n<strong>em</strong> vinhos bons, n<strong>em</strong> maus.<br />

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