SESSÃO: Ordinária - Câmara dos Deputados

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL
Número Sessão: 239.3.51.O Tipo: Ordinária - CD
Data: 14/11/01 Montagem: Neusinha
Tim Garrôcho foi líder ferroviário em Teófilo Otoni. Preso no dia 31 de março
de 1964, foi transferido para Governador Valadares, onde foi brutalmente torturado
por policiais militares. Em Juiz de Fora foi julgado pela Auditoria Militar do Exército e
condenado a dois anos de prisão, cumpridos nas dependências do Departamento de
Ordem Política e Social — DOPS em Belo Horizonte. Hoje, aos 71 anos, Garrôcho
vive de favores dos amigos e da ajuda dos filhos, porque não teve direito à
aposentadoria, nem tampouco teve condições de recomeçar sua vida profissional.
Seu trauma se tornou tão grande que ele não consegue contar toda sua história de
uma só vez. Ele precisa contá-la aos poucos. Foram necessários quatro
depoimentos para reconstituir todos os acontecimentos.
O psicólogo Alfredo Martin foi autor do estudo do Conselho Regional de
Psicologia utilizado para justificar o pagamento das indenizações pretendidas pela
Comissão. Ele realizou diversas pesquisas para chegar a essa conclusão, além de
contar com uma vasta experiência adquirida no tempo em que coordenou o Centro
de Atendimento Psicológico aos Migrantes, Refugiados e Asilados, em Paris.
Segundo as estatísticas obtidas por ele, a quantidade de hospitalizações,
doenças e intervenções cirúrgicas é maior entre sobreviventes de tortura do que na
maioria da população. Além disso, as tentativas de suicídio são bem mais freqüentes
e o índice de psicóticos entre os torturados é cinco vezes maior que o normal.
A indenização às vítimas da tortura é, portanto, de fundamental importância
não só para aliviar o sofrimento no aspecto material, mas também para o
reconhecimento social, as relações afetivas, os vínculos sociais e, principalmente, a
auto-estima.
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