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Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE

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<strong>Geografia</strong> e <strong>geopolítica</strong><br />

120 ....................... A <strong>contribuição</strong> <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro<br />

aparecerá à idéia sacrossanta da união que fez a honra <strong>de</strong> nossa história e que faz nosso<br />

prestígio e nossa força (CARVALHO, 1944, p. 15).<br />

Educação geográfica e cultura nacional<br />

Em conferência proferida em uma das sessões do IX Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>,<br />

realizado em Florianópolis no ano <strong>de</strong> 1940, o professor Delgado <strong>de</strong> Carvalho,<br />

avaliando a evolução da geografia humana, <strong>de</strong>stacou o papel <strong>de</strong>sta disciplina:<br />

[...] é para o ensino da geografia pátria, nos seus aspectos humanos, principalmente, que<br />

<strong>de</strong>vemos aqui, peregrinos <strong>de</strong> um credo nacional, concentrar as nossas atenções. É para<br />

o ensino da geografia do Brasil, no grau elementar, no grau secundário e no grau uni-<br />

versitário que <strong>de</strong>vem convergir os nossos esforços, nossas discussões, nossas noções e<br />

resoluções (CARVALHO, 1941, p. 431).<br />

A sua preocupação em vincular a educação geográfica com a “imagem da pátria”<br />

estava em sintonia com o escopo metodológico <strong>de</strong> seus trabalhos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a publicação da<br />

Geographia do Brasil, em 1913. Des<strong>de</strong> essa obra, percebe-se que um dos seus objetivos era<br />

o <strong>de</strong> difundir o conhecimento geográfico do País em novas bases teórico-conceituais,<br />

utilizado como elemento <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional e representação patriótica.<br />

Ou seja, postular a difusão do conhecimento geográfico tomando o Território<br />

Nacional como única referência paras reflexões geográficas.<br />

Contrário à segmentação do ensino da <strong>Geografia</strong> brasileira no nível das Unida<strong>de</strong>s<br />

Fe<strong>de</strong>radas e dos métodos tradicionais até então prevalecentes, que consistia em<br />

exaustivas <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> topônimos e <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes geográficos, propôs um ensino <strong>de</strong><br />

<strong>Geografia</strong> do Brasil assentado em novas bases metodológicas. Ou seja, previa atribuir<br />

ao ensino um caráter científico, não só <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição, mas, sobretudo <strong>de</strong> explicação ou<br />

interpretação dos fenômenos físico, biológico e humano em sua distribuição espacial. A<br />

partir daí criava-se condições prévias para o ensino da geografia mo<strong>de</strong>rna, voltada para<br />

a observação e interpretação da paisagem, mediante trabalhos <strong>de</strong> campo e a utilização<br />

<strong>de</strong> material cartográfico (CARVALHO, 1941, p. 431).<br />

Com as suas propostas pioneiras da reforma didática, o professor Delgado <strong>de</strong><br />

Carvalho angariou simpatias <strong>de</strong> Getúlio Vargas que o nomeou membro do Conselho<br />

Nacional <strong>de</strong> Educação, em 1931. Posteriormente, passou a exercer ainda as seguintes<br />

funções: diretor do Colégio Pedro II (1933), local on<strong>de</strong> se processou a unificação dos<br />

programas <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> geografia em todo o País; diretor do Instituto <strong>de</strong> Pesquisas<br />

Educacionais do Departamento <strong>de</strong> Educação Nacional (1933) e membro da Comissão<br />

do Livro Didático (1939).<br />

Com a criação do CNG, em 1937, Delgado <strong>de</strong> Carvalho ingressa como representante<br />

do Ministério da Educação, on<strong>de</strong> passa a aplicar seus métodos didáticos, engajando-se<br />

no projeto cultural do Estado Novo que consistia em cultivar o sentimento <strong>de</strong><br />

“brasilida<strong>de</strong>”. Em suas palavras:<br />

O estudo do Brasil-território e do Brasil-povo é a base científica <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mais es-<br />

tudos sobre a nacionalida<strong>de</strong>: leva a compreen<strong>de</strong>r as condições e os mecanismos da vida<br />

nacional [...]; leva a perceber a solidarieda<strong>de</strong> econômica e social, das diferentes zonas do<br />

país, sua in<strong>de</strong>pendência provi<strong>de</strong>ncial, sua necessária integração em uma pátria uma e<br />

indivisível [...] (CARVALHO, 1941, p. 431).<br />

Dentro <strong>de</strong>sta sua concepção <strong>de</strong> educação geográfica voltada para a difusão dos<br />

valores culturais da Nação, Delgado <strong>de</strong> Carvalho empreen<strong>de</strong>u ativida<strong>de</strong>s direcionadas<br />

para os professores <strong>de</strong> geografia, abarcando cursos <strong>de</strong> especialização e atualização,<br />

orientação pedagógica, trabalhos <strong>de</strong> campo, além da publicação <strong>de</strong> ensaios e resenhas<br />

sobre o tema. Nestas ativida<strong>de</strong>s, foi notório o seu esforço em atrelar a educação à cultura

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