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Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE

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<strong>Geografia</strong> e <strong>geopolítica</strong><br />

12 ........................ A <strong>contribuição</strong> <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro<br />

sentação consular brasileira em Paris. Monarquista convicto, Delgado pai <strong>de</strong>cidiu que<br />

não retornaria ao Brasil República pós-acontecimentos <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1889. Mais<br />

tar<strong>de</strong>, Delgado filho contaria que a avó e seu pai lhe apresentaram ao próprio imperador<br />

D. Pedro II e à princesa Isabel, com quem conviveu durante o exílio da Família Real.<br />

O menino Carlos fez seus primeiros estudos em colégio suíço e <strong>de</strong>pois dos 11<br />

anos, foi para a França, estudar num internato em Lyon, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras letras, passando<br />

pelo correspon<strong>de</strong>nte ao segundo grau como bachelier <strong>de</strong> l’Enseignement secondaire<br />

classique (1905), chegando até a faculda<strong>de</strong>, graduando-se e doutorando-se (1908) na<br />

École Libre <strong>de</strong> Sciences Politiques. Precisou vir ao Brasil para estudar in loco o tema <strong>de</strong><br />

sua tese sobre <strong>Geografia</strong>. Embora tivesse a cidadania brasileira, nunca estivera na pátria<br />

<strong>de</strong> seus pais. Chegou ao Brasil, aos 23 anos, sem conhecer ninguém, a não ser o colega<br />

<strong>de</strong> escola, o eminente geólogo Mathias Gonçalves <strong>de</strong> Oliveira Roxo. Ao visitar o amigo,<br />

conheceu sua irmã, Maria Vera, por quem se apaixona à primeira vista e <strong>de</strong> quem se<br />

consi<strong>de</strong>ra imediatamente noivo. Casam-se no ano seguinte, e, do casamento, nascem os<br />

filhos Carlos Alberto e Lydia.<br />

Em 1905, Delgado foi convidado a dar aulas <strong>de</strong> História no Colégio Champitet,<br />

na Suíça. Por esta época já escrevia artigos sobre política e relações internacionais para<br />

jornais suíço e francês. Quando chegou ao Brasil, prosseguiu sua carreira jornalística<br />

publicando suas análises em O Jornal e no célebre Jornal do Commercio. Como não sabia<br />

se expressar corretamente em português, escrevia em francês, sendo posteriormente<br />

traduzido. Por conta <strong>de</strong>sta dificulda<strong>de</strong>, escreveu seu famoso livro – Le Brésil meridional<br />

– em 1910, na língua <strong>de</strong> Molière, a partir <strong>de</strong> sua tese <strong>de</strong> doutoramento.<br />

Por insistência <strong>de</strong> um amigo, fez concurso para a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Inglês, no Colégio<br />

Pedro II e foi aprovado. Todavia, na primeira oportunida<strong>de</strong>, passou a ministrar aulas<br />

<strong>de</strong> Sociologia naquele respeitável estabelecimento <strong>de</strong> ensino, on<strong>de</strong> inclusive foi diretor,<br />

nomeado por Getúlio Vargas, em 1933. O professor Delgado fez parte <strong>de</strong> outros corpos<br />

docentes: Instituto <strong>de</strong> Educação (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1923, na ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Sociologia), Colégio Bennett<br />

(<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1925, na ca<strong>de</strong>ira História Contemporânea), Universida<strong>de</strong> do Distrito Fe<strong>de</strong>ral (a<br />

partir <strong>de</strong> 1936, também História Contemporânea), Faculda<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Filosofia da<br />

Universida<strong>de</strong> do Brasil (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1939, como professor catedrático em História Mo<strong>de</strong>rna<br />

e Contemporânea) e no Instituto Rio Branco, ligado ao Ministério das Relações Exteriores,<br />

a partir <strong>de</strong> 1958.<br />

Ao tomar contato com o ensino da <strong>Geografia</strong> no Brasil fica admirado com o estado<br />

das artes <strong>de</strong>sta disciplina por aqui. Conforme afirmou ao ser entrevistado para a<br />

Revista do Gás, <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1975, “a geografia brasileira ainda era estudada por Estado.<br />

Em nenhum país se estudava geografia assim. Então achei que <strong>de</strong>via fazer alguma coisa.<br />

Escrevi, em 1913, <strong>Geografia</strong> do Brasil” (UM PRÊMIO..., 1975, p. 31). Posteriormente,<br />

ele publicaria outros livros sobre assuntos geográficos, com <strong>de</strong>staque para Meteorologia<br />

do Brasil (1916), <strong>Geografia</strong> econômica da América do Sul (1921), Fisiografia do Brasil (1922),<br />

Metodologia do ensino da <strong>Geografia</strong> (1925), Corografia do Distrito Fe<strong>de</strong>ral (1926), Atlas pluviométrico<br />

do Nor<strong>de</strong>ste (1931), <strong>Geografia</strong> Humana, Política e Econômica (1934), <strong>Geografia</strong> ginasial<br />

(1943), <strong>Geografia</strong> Humana, Política e Econômica (1960, em co-autoria com Therezinha <strong>de</strong><br />

Castro) e Leituras geográficas (1960).<br />

Em 1937, foi criado o Conselho Nacional <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong> - CNG, órgão colegiado<br />

do qual faziam parte repartições fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal. E Delgado <strong>de</strong> Carvalho<br />

foi escolhido como representante especial do Ministro da Educação para o Conselho,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua instalação, em 23 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1937. Em julho <strong>de</strong>ste ano, o CNG concordou<br />

com a fusão com o Conselho Nacional <strong>de</strong> Estatística - CNE, gerando, assim, o Instituto<br />

Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong> e Estatística - <strong>IBGE</strong>, assim <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1938.<br />

Delgado <strong>de</strong> Carvalho trabalhou para o Instituto até 1978, dois anos antes <strong>de</strong> falecer.<br />

Carlos Delgado <strong>de</strong> Carvalho recebeu diversas homenagens e honrarias, mas vale<br />

a pena <strong>de</strong>stacar a Con<strong>de</strong>coração da “Legion d’Honneur”, que ele recebeu do governo<br />

francês, e a Medalha “David Livingstone”, outorgada em 1952 pela American Geographic<br />

Society, sendo o único brasileiro a possuí-la.<br />

Em 1922, o então ministro da Agricultura Il<strong>de</strong>fonso Simões Lopes o convida para<br />

participar da Comissão Organizadora da Exposição Internacional Comemorativa do

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