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Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE

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<strong>Geografia</strong> política e Geopolítica:<br />

os estudos e proposições <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro............. 125<br />

Estas posições divergentes quanto à política <strong>de</strong> alinhamentos, foram consi<strong>de</strong>radas<br />

por Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro como resultados <strong>de</strong> contextos transitórios<br />

da política mundial. Procuraram, nesse sentido, mapear as manifestações dos conflitos internacionais<br />

<strong>de</strong>correntes da “guerra fria”, bem como as reais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção do<br />

Brasil no sistema bipolar que, segundo ele, se justificava pelo lado do bloco oci<strong>de</strong>ntal:<br />

Na orientação da política mundial é ainda muito limitado o papel que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar<br />

o Brasil, mas tudo se encaminha para que breve tenhamos <strong>de</strong> assumir maiores responsa-<br />

bilida<strong>de</strong>s mesmo fora do hemisfério oci<strong>de</strong>ntal. A fase <strong>de</strong> Guerra Fria que atravessamos é<br />

caracterizada pela instabilida<strong>de</strong> e pelo <strong>de</strong>scontentamento geral que revelam, ao mesmo<br />

tempo, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolher uma orientação <strong>de</strong>finitiva e a urgência <strong>de</strong>sta solução.<br />

O <strong>de</strong>spertar da OPA por iniciativa do Brasil foi um dos passos mais acertados no sentido<br />

<strong>de</strong> uma nova orientação. O problema que o Presi<strong>de</strong>nte Kubitschek colocou perante o<br />

mundo americano, é exatamente o que se impõe às <strong>de</strong>mocracias oci<strong>de</strong>ntais apegadas às<br />

instituições liberais (CARVALHO; CASTRO, 1960, p. xxiv, Introdução).<br />

Com base em relatórios da Foreign Policy Association <strong>de</strong> Nova York, Delgado<br />

<strong>de</strong> Carvalho analisa as condições internacionais do período sob o prisma da segurança<br />

do mundo oci<strong>de</strong>ntal li<strong>de</strong>rado pelos Estados Unidos. Observa os “surtos nacionalistas”<br />

ocorridos nos países do Terceiro Mundo; o neutralismo difundido na conferência <strong>de</strong><br />

Bandung; as relações com o mundo socialista e a inter<strong>de</strong>pendência das economias oci<strong>de</strong>ntais<br />

propiciadas pelo avanço dos meios <strong>de</strong> comunicação. Estes, segundo o relatório,<br />

colocavam em causa as soberanias nacionais, tidas como anacrônicas num mundo em<br />

que, aos poucos, se apresentam novos sistemas <strong>de</strong> organização, tais como: a Comunida<strong>de</strong><br />

Econômica Européia, a Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo - BENELUX, a Organização<br />

Pan-Americana - OPA, entre outras.<br />

Na parte conclusiva da apresentação do Atlas <strong>de</strong> relações internacionais, Delgado<br />

<strong>de</strong> Carvalho afirma que se absteve <strong>de</strong> emitir opiniões sobre as situações <strong>de</strong>scritas no<br />

relatório da organização do Senado Americano, pois o seu objetivo foi o <strong>de</strong> apresentar<br />

tão-somente o cenário geográfico em que ocorreram os fatos. Entretanto, <strong>de</strong>ixa clara<br />

a sua preocupação com a situação do Brasil ao consi<strong>de</strong>rar a “guerra fria” apenas uma<br />

transitória “guerra <strong>de</strong> classes”, à espera <strong>de</strong> que, com “osmose mais perfeita entre classes<br />

econômicas, venha a <strong>de</strong>saparecer do mundo o SUBDESENVOLVIMENTO” (CARVA-<br />

LHO; CASTRO, 1960, p. xxxi, Introdução).<br />

O reconhecimento da fragilida<strong>de</strong> do Brasil no sistema internacional e a perspectiva<br />

<strong>de</strong> vencer o sub<strong>de</strong>senvolvimento também foram compartilhados por especialistas<br />

como Hélio Jaguaribe e Araújo Castro, embora sob outros parâmetros <strong>de</strong><br />

análise. Estes se baseavam na premissa <strong>de</strong> que, no jogo do po<strong>de</strong>r internacional, havia<br />

um alto grau <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses entre os dois blocos antagônicos li<strong>de</strong>rados<br />

pelos Estados Unidos e a antiga União Soviética, que evoluía no sentido <strong>de</strong><br />

um “congelamento do po<strong>de</strong>r mundial”, segundo a prévia <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> suas áreas <strong>de</strong><br />

influências (LIMA, 1992, p. 60).<br />

Esta estabilida<strong>de</strong> na or<strong>de</strong>m mundial, segundo os autores, criava dificulda<strong>de</strong>s para<br />

que os países sub<strong>de</strong>senvolvidos buscassem formas <strong>de</strong> autonomia econômica e estratégica,<br />

já que o sistema internacional, assim estruturado, se tornava impermeável a seus<br />

interesses específicos. Por conta disso, o embaixador Araújo Castro argumentava que,<br />

mais que na bipolarida<strong>de</strong> leste-oeste, a estrutura das relações internacionais pautava-se<br />

no eixo norte-sul, opondo países <strong>de</strong>senvolvidos e sub<strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Crítico da aliança incondicional com os Estados Unidos e, portanto, da política JK<br />

<strong>de</strong> pan-americanismo, Jaguaribe, por sua vez, postulava uma política externa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

a ser seguida pelo Brasil cujo êxito <strong>de</strong>pendia, <strong>de</strong> um lado, da união da América<br />

Latina passando pela prévia integração Brasil-Argentina; e <strong>de</strong> outro, <strong>de</strong> uma colisão<br />

mais ampla <strong>de</strong> Estados do Hemisfério Sul, unidos no esforço <strong>de</strong> superação do sub<strong>de</strong>senvolvimento<br />

e do exercício das pressões das gran<strong>de</strong>s potências (LIMA, 1992, p. 60).<br />

Defensor dos interesses nacionais, Araújo Castro propõe o <strong>de</strong>senvolvimento pleno<br />

da capacida<strong>de</strong> industrial como condição indispensável para a atuação mais autôno-

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