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Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE

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<strong>Geografia</strong> e <strong>geopolítica</strong><br />

130 ....................... A <strong>contribuição</strong> <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro<br />

Com isso, Delgado do Carvalho insistia nas diretrizes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da política<br />

externa brasileira que, segundo ele, não <strong>de</strong>veria ser condicionada por orientações i<strong>de</strong>ológicas<br />

e nem sentimentais, numa clara alusão ao bloco dos não alinhados e aos apegos<br />

históricos com Portugal, no tocante à in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> suas colônias na África (Angola,<br />

Moçambique, Cabo Ver<strong>de</strong> e Guiné-Bissau).<br />

O Brasil, na sua opinião, <strong>de</strong>veria adotar uma política externa baseada na cooperação<br />

internacional, <strong>de</strong>vendo inclusive opinar a respeito da revisão <strong>de</strong> certos artigos da<br />

Carta das Nações Unidas com vistas à representação no conselho <strong>de</strong> segurança. Neste,<br />

o Brasil era um forte candidato a membro permanente em função <strong>de</strong> sua população,<br />

território, e economia e seu prestígio diplomático, alargado com sua política africana.<br />

A aproximação com a África também tinha o sentido <strong>de</strong> promover esforços conjuntos<br />

no sentido <strong>de</strong> exercer pressão junto aos fóruns internacionais como forma <strong>de</strong><br />

reverter o processo <strong>de</strong> sub<strong>de</strong>senvolvimento econômico, consi<strong>de</strong>rando que, tanto o conjunto<br />

regional da América Latina como o da África, estavam relativamente marginalizados<br />

do comércio internacional controlado pelas gran<strong>de</strong>s potências.<br />

Para o governo brasileiro, esta marginalização tinha gran<strong>de</strong>s implicações na expansão<br />

econômica interna, já que havia necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversificação das exportações e <strong>de</strong><br />

busca <strong>de</strong> novos mercados, principalmente para os produtos industrializados brasileiros.<br />

Com este intento, o Brasil passou a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r interesses comuns dos países sub<strong>de</strong>senvolvidos,<br />

atuando ativamente na realização da 1 a Conferência das Nações Unidas sobre<br />

Comércio e Desenvolvimento - UNCTAD em 1964, contando com a presença <strong>de</strong> representantes<br />

<strong>de</strong> 122 países, enfatizou-se as clivagens Norte-Sul no sistema internacional.<br />

Esta percepção da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação entre os países sub<strong>de</strong>senvolvidos<br />

com vistas a superar problemas comuns, sem, contudo comprometer as relações Norte-<br />

Sul, seria a tônica da política externa dos governos militares que ampliaram consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

as relações com o continente africano. Particularmente isso se <strong>de</strong>u a partir <strong>de</strong><br />

1974, quando houve um incremento consi<strong>de</strong>rável das relações do Brasil com a África<br />

Negra, através da política externa do “pragmatismo responsável”.<br />

Neste meio tempo, Delgado <strong>de</strong> Carvalho, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua ida<strong>de</strong> avançada,<br />

obteve autorização do Conselho Nacional <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong> - CNG para trabalhar em sua<br />

residência, on<strong>de</strong> continuou a escrever textos sobre as relações internacionais, reproduzidos<br />

em encartes publicados na Revista Brasileira <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>. Na década <strong>de</strong> 1970,<br />

publicaria ainda Relações internacionais do Brasil pela editora Record, on<strong>de</strong> analisa a situação<br />

internacional utilizando-se da Geopolítica como instrumento explicativo, mantendo<br />

assim uma forte coerência teórica ao longo <strong>de</strong> toda a sua produção intelectual. A<br />

professora Therezinha <strong>de</strong> Castro, por sua vez, passou a atuar em instituições militares<br />

como conferencista, das quais as mais importantes foram a Escola <strong>de</strong> Guerra Naval<br />

e a Escola Superior <strong>de</strong> Guerra. Nessas instituições, <strong>de</strong>senvolveu um fértil pensamento<br />

geopolítico, nas quais <strong>de</strong>stacam os seus estudos sobre a importância estratégica do<br />

Atlântico Sul para o Brasil.<br />

Therezinha <strong>de</strong> Castro e a Geopolítica do Atlântico Sul<br />

Em fins dos anos 1940 e ao longo da década <strong>de</strong> 1950, as formulações <strong>geopolítica</strong>s<br />

brasileiras incorporam <strong>de</strong>finitivamente a dimensão atlântica <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> duas or<strong>de</strong>ns<br />

<strong>de</strong> acontecimentos. O primeiro <strong>de</strong>les refere-se à assinatura, em 1947, do Tratado Interamericano<br />

<strong>de</strong> Assistência Recíproca - TIAR que atribuía um status estratégico ao Atlântico<br />

Sul, nos marcos da Doutrina <strong>de</strong> Segurança Hemisférica. O segundo foi a criação da<br />

Escola Superior <strong>de</strong> Guerra, em 1949, e que seria responsável pela formulação, no plano<br />

interno, da Doutrina <strong>de</strong> Segurança Nacional.<br />

Como resultado, as reflexões <strong>geopolítica</strong>s brasileiras aparecerão como um problema<br />

estratégico <strong>de</strong>finido a partir da Doutrina da Segurança Hemisférica e da Doutrina <strong>de</strong><br />

Segurança Nacional. Por conta disso, a Escola Superior <strong>de</strong> Guerra - ESG vai <strong>de</strong>sempenhar<br />

um papel fundamental nas reflexões <strong>geopolítica</strong>s, inclusive do Atlântico Sul.

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