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Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE

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<strong>Geografia</strong> e <strong>geopolítica</strong><br />

50 ........................ A <strong>contribuição</strong> <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro<br />

Fundada em 1935, a universida<strong>de</strong> era composta pelas escolas <strong>de</strong> Ciências, <strong>de</strong><br />

Economia e Direito e <strong>de</strong> Filosofia e Letras, pelos Institutos <strong>de</strong> Artes e Educação. Delgado<br />

<strong>de</strong> Carvalho ministrava a disciplina <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong> humana no curso <strong>de</strong> História<br />

e <strong>Geografia</strong>, que, unidos, estavam ligados à Escola <strong>de</strong> Economia e Direito. Também<br />

faziam parte do corpo docente Fernando Raja Gabaglia, Pierre Defontaines e Everardo<br />

Backheuser. Além <strong>de</strong> formar geógrafos, o educador viu seu projeto <strong>de</strong> institucionalização<br />

da geografia como ciência se concretizar com a publicação da Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

<strong>Geografia</strong> e a fundação por Deffontaines da Associação dos Geógrafos Brasileiros.<br />

Em 1939, a UDF foi extinta e seus cursos incorporados pela Universida<strong>de</strong> do<br />

Brasil, instituição fe<strong>de</strong>ral criada em 1937. Delgado <strong>de</strong> Carvalho foi transferido como<br />

professor catedrático <strong>de</strong> geografia. A partir <strong>de</strong> 1945, passa a lecionar História Mo<strong>de</strong>rna<br />

e Contemporânea na universida<strong>de</strong> até sua aposentadoria.<br />

Depois da aposentadoria, o educador foi convidado a continuar dando aulas no<br />

Instituto Rio Branco sobre a história diplomática brasileira. Dois anos mais tar<strong>de</strong>, o<br />

educador conta com entusiasmo no prefácio <strong>de</strong> História diplomática do Brasil (1958).<br />

Se a vida começa aos quarenta, pensei eu, um simples trabalho novo po<strong>de</strong> começar aos<br />

setenta (p. XVIII).<br />

Em 1957, um tumor maligno nas cordas vocais afastou <strong>de</strong>finitivamente Delgado<br />

<strong>de</strong> Carvalho das salas <strong>de</strong> aula, mas não da educação. Tratado com sucesso, continuou<br />

até o fim sua produção pela questão educacional brasileira.<br />

Ao longo da vida, Delgado <strong>de</strong> Carvalho exerceu várias ativida<strong>de</strong>s, mas acima<br />

<strong>de</strong> tudo, foi um educador. Em sua trajetória, a questão educacional esteve sempre presente.<br />

Sua obra, seja como geógrafo, seja como sociólogo, tem como foco professores e<br />

alunos, tentando tornar-lhes acessível o conhecimento através <strong>de</strong> métodos científicos,<br />

rompendo com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que nas escolas apenas se repete o mesmo saber <strong>de</strong>scompassado<br />

do progresso da ciência.<br />

Isso, contudo, não o transforma em herói. Esta não é a perspectiva do historiador<br />

ao analisar uma trajetória <strong>de</strong> vida. Talvez seja esse o objetivo <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós, ao selecionar<br />

fatos que se justificam por um i<strong>de</strong>al. Cabe ao historiador romper tal linearida<strong>de</strong><br />

e buscar o dinamismo <strong>de</strong> uma vida, buscando não só o relato, mas também o contexto<br />

em que viveu a pessoa.<br />

Nesse aspecto, Delgado <strong>de</strong> Carvalho, intelectual <strong>de</strong> formação francesa, conheceu o Brasil<br />

em um momento <strong>de</strong> mudanças, quando a recém-implantada república reclamava uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> para seu povo. Des<strong>de</strong> sua primeira obra, o país foi tema constante. Ele fez parte <strong>de</strong><br />

uma geração que acreditava ter a missão <strong>de</strong> estudar nossa realida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> encontrar o caminho<br />

para o progresso. Para eles, o povo amorfo nunca teria capacida<strong>de</strong> para cumprir tal tarefa.<br />

A educação popular era vista como uma necessida<strong>de</strong>, mas ao mesmo tempo precisava se<br />

transformar. Suas obras representavam o espaço para cumprir essa missão: formar o povo.<br />

Nesse sentido, sua obra teve várias leituras; em alguns momentos foi aceita por<br />

poucos, em outras foi mo<strong>de</strong>lo inspirador e, por vezes, caiu no esquecimento. Segundo<br />

Chartier (1994), isso ocorre porque o momento criador envolve conceitos construídos a<br />

partir <strong>de</strong> experiências na socieda<strong>de</strong> que são únicas. Da mesma forma, o público que as<br />

recebe também tem suas regras, suas expectativas. Tudo isso impe<strong>de</strong> que sua trajetória<br />

seja vista <strong>de</strong> forma cronológica como uma evolução, mas sim, com o dinamismo que<br />

possui a vida <strong>de</strong> todo ser humano.<br />

Referências bibliográficas<br />

1)Obras <strong>de</strong> Delgado De Carvalho<br />

DELGADO DE CARVALHO, Carlos. Le Brésil meridional: étu<strong>de</strong> économique sur les<br />

états du sud: São Paulo, Paraná, Santa Catarina et Rio-Gran<strong>de</strong>-do-Sul. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

{s.n.}; Paris: E.Desfossés, 1910.<br />

_____.Geographia do Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Emp. Photo-Machanica do Brasil, 1913.

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