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Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE

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<strong>Geografia</strong> política e Geopolítica:<br />

os estudos e proposições <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro............. 123<br />

Segunda Guerra Mundial nos afirma isso, com a instalação da base aérea americana em<br />

Natal, que tornou o nosso Nor<strong>de</strong>ste geopoliticamente pertencente aos Estados Unidos.<br />

Ao lado disso, a extensão <strong>de</strong> nosso território vai nos proporcionar quilômetros <strong>de</strong> frontei-<br />

ras. Argumentos primordiais como estes, atestam a importância da Geopolítica para nós<br />

brasileiros (CARVALHO; CASTRO, 1956, p. 391).<br />

O interesse dos autores pela Geopolítica e Relações Internacionais vai se prolongando<br />

na medida em que, dada a experiência <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho em assuntos diplomáticos<br />

e suas vinculações cada vez mais estreitas com o pensamento geopolítico brasileiro,<br />

preocupa-se em explicar a posição do Brasil no quadro geoestratégico mundial.<br />

Professor <strong>de</strong> História companhia diplomática do Brasil no Instituto Rio Branco<br />

entre 1955 e 1957, publicaria dois anos <strong>de</strong>pois pela Companhia Editora Nacional, um<br />

livro com o mesmo título do curso. Neste trabalho, procurou analisar a política externa<br />

brasileira a partir dos seus fatores geográficos <strong>de</strong> “espaço” e “posição”, salientando a<br />

continuida<strong>de</strong> política que caracteriza a diplomacia brasileira. Em suas palavras:<br />

Estamos em vésperas <strong>de</strong> nos tornar uma Gran<strong>de</strong> Potência e, nestas condições, <strong>de</strong> ocu-<br />

par no mundo uma posição que acarreta pesadas responsabilida<strong>de</strong>s. Se uma nova fase<br />

se abre assim à nossa ação internacional, os nossos diplomatas em formação precisam<br />

ter consciência <strong>de</strong> um passado que foi digno [...] da influência que sempre exercemos<br />

no continente, para que, no cenário mais amplo do mundo, conseguirmos a mesma<br />

serenida<strong>de</strong>, os mesmos princípios e conquistaremos o mesmo prestígio (CARVALHO,<br />

1959, p. xix, Preâmbulo). 5<br />

A articulação da Geopolítica com as relações internacionais, na concepção <strong>de</strong><br />

Delgado <strong>de</strong> Carvalho, passava pelos fatores espaço, posição, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das potencialida<strong>de</strong>s nacionais e projeção externa do po<strong>de</strong>r nacional. Estas<br />

i<strong>de</strong>ias encontraram ressonância no <strong>IBGE</strong> on<strong>de</strong> se criou, no ano <strong>de</strong> 1960, o setor<br />

<strong>de</strong> <strong>Geografia</strong> internacional sob a gestão <strong>de</strong> Jurandyr Pires Ferreira. A justificativa<br />

para a criação <strong>de</strong>ste setor <strong>de</strong>via-se ao fato <strong>de</strong> que não havia no <strong>IBGE</strong> um setor <strong>de</strong><br />

estudos internacionais.<br />

Anteriormente, já se instalara informalmente no Instituto um setor <strong>de</strong> estudos<br />

geopolíticos sob a inspiração do então tenente-coronel Deoclésio <strong>de</strong> Paranhos Antunes<br />

(1955-1954) e do então tenente-general Waldyr Godolphim (1954-1958) que estimularam<br />

a publicação <strong>de</strong> artigos relativos a este campo <strong>de</strong> estudos em periódicos do <strong>IBGE</strong><br />

mais particularmente, no Boletim Geográfico, on<strong>de</strong> se formalizou a seção Contribuição à<br />

Geopolítica. Estes artigos, em geral, eram transcritos <strong>de</strong> publicações militares, tais como:<br />

a revista Defesa Nacional, assinados por autores como Everardo Backheuser e general<br />

Carlos <strong>de</strong> Meira Mattos.<br />

Contudo, a gran<strong>de</strong> obra que vai justificar a relevância do setor é o Atlas <strong>de</strong> relações<br />

internacionais, publicado no ano <strong>de</strong> 1960, redigido por Delgado <strong>de</strong> Carvalho em co-autoria<br />

com Therezinha <strong>de</strong> Castro. No prefácio, assinado pelo Presi<strong>de</strong>nte do <strong>IBGE</strong> Jurandir<br />

Pires Ferreira, procurava-se, <strong>de</strong>ntro do regime <strong>de</strong>mocrático então instalado, trazer para<br />

o âmbito civil as análises sobre a <strong>geopolítica</strong> do Brasil:<br />

O Atlas que ora se apresenta tem um valor muito expressivo para o <strong>IBGE</strong> e, por que não<br />

dizer, para o Brasil. É ele a primeira gran<strong>de</strong> publicação <strong>de</strong> Geopolítica realizada no Se-<br />

tor <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong> Internacional, recentemente criado no Conselho Nacional <strong>de</strong> <strong>Geografia</strong>.<br />

Depois das obras <strong>de</strong> relevo, no setor nacional, como a Enciclopédia dos Municípios Brasi-<br />

leiros, a Carta ao Milionésimo, o Atlas e a <strong>Geografia</strong> do Brasil, <strong>de</strong>stacou-se a necessida<strong>de</strong><br />

em face do progresso impressionante do país, <strong>de</strong> enveredarmos pelos estudos que extra-<br />

vasem os limites <strong>de</strong> nossas fronteiras [...] (CARVALHO; CASTRO, 1960, p. xi, Prefácio).<br />

5 Neste ano que lecionou no Instituto Rio Branco, Delgado <strong>de</strong> Carvalho ajudou a formar a nova geração <strong>de</strong> diplomatas<br />

brasileiros, cuja orientação postulava maior in<strong>de</strong>pendência e autonomia do Brasil em questões internacionais. Dentre seus<br />

discípulos po<strong>de</strong>m ser citados diplomatas Sérgio Rouanet e Antônio Amaral <strong>de</strong> Sampaio.

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