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Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE

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Delgado <strong>de</strong> Carvalho e a <strong>Geografia</strong> no Brasil: pioneirismo e contribuições ............... 93<br />

Este método consistia em <strong>de</strong>screver a realida<strong>de</strong> estudada <strong>de</strong> forma objetiva, empiricamente<br />

comprovada, racionalmente exata, <strong>de</strong> maneira a inviabilizar dúvidas e<br />

contradições. Para tal, a indução, análise e síntese eram elementos cruciais, pois, ao se<br />

estudar a realida<strong>de</strong> como um todo, dividir-se-ia este todo em partes, <strong>de</strong>screvendo suas<br />

características principais e, após criteriosa observação, estabelecer-se-iam as relações<br />

que cada parte tinha com a outra, ao final, <strong>de</strong>via somar estas várias partes para se ter<br />

a noção do todo sistematizado. Eis, em rápidas palavras, o método científico, <strong>de</strong> fundamentação<br />

positivista-funcionalista, que os geógrafos brasileiros enten<strong>de</strong>ram como o<br />

mais pertinente para se resolver os problemas dos estudos geográficos enquanto organização<br />

discursiva em bases científicas.<br />

Tendo este fundamento comum, a proposta <strong>de</strong> renovação do conhecimento geográfico<br />

na época i<strong>de</strong>ntificou outro fator <strong>de</strong> integração das preocupações e estudos,<br />

que também tem sua melhor <strong>de</strong>limitação a partir das obras pioneiras <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong><br />

Carvalho, qual seja, o foco das análises geográficas nos chamados estudos regionais,<br />

mais especificamente com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adotar um critério mais “científico” <strong>de</strong><br />

regionalização do País, visando a substituir assim as tradicionais divisões fundamentadas<br />

em aspectos aleatórios e meramente político-administrativos.<br />

A “cientificida<strong>de</strong>” da nova regionalização <strong>de</strong>via se pautar em <strong>de</strong>terminantes genuinamente<br />

geográficos, quais sejam, os elementos naturais da paisagem, que eram<br />

passíveis <strong>de</strong> maior objetivação perceptiva e estudo analítico. Neste aspecto, Delgado <strong>de</strong><br />

Carvalho também foi um pioneiro, pois foi ele quem introduziu esta questão da regionalização<br />

por <strong>de</strong>terminantes naturais na <strong>Geografia</strong> escolar brasileira.<br />

O senhor Delgado <strong>de</strong> Carvalho, partindo do princípio racional <strong>de</strong> que as divisões da<br />

geografia só <strong>de</strong>vem ser procuradas na própria geografia, con<strong>de</strong>na nesse sentido a divisão<br />

administrativa por estados [...] e baseia a sua <strong>de</strong>scrição nas regiões naturais do Brasil<br />

(LIMA, 1913, p. 6).<br />

Outro aspecto comum à <strong>Geografia</strong> que então se propunha era a compreensão da<br />

realida<strong>de</strong> via duas gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> estudo, que segundo os intelectuais, se complementavam,<br />

quais sejam, o mundo natural, ou físico (estudado pela <strong>Geografia</strong> física) e o<br />

mundo antropológico (estudado pela <strong>Geografia</strong> humana).<br />

Os componentes da <strong>Geografia</strong> física seriam os <strong>de</strong>terminantes do meio, condicionando<br />

o homem conforme as características daquele. Portanto, <strong>de</strong>veriam ser observados<br />

seus elementos principais, analisados e <strong>de</strong>scritos criteriosamente <strong>de</strong> forma a montar um<br />

quadro <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção do homem.<br />

A <strong>Geografia</strong> humana, que no período passava por um <strong>de</strong>bate sobre qual seria a<br />

melhor <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong>sta 2 , <strong>de</strong>screveria os componentes principais do gênero humano<br />

em cada região, estado ou país, introduzindo aí os elementos da economia local, estatísticas<br />

populacionais e organização política do território.<br />

A tentativa <strong>de</strong> sistematização entre os diversos componentes <strong>de</strong> cada esfera <strong>de</strong><br />

estudo (humana e física), e entre ambas, se daria por três princípios centrais:<br />

a) princípio <strong>de</strong> extensão;<br />

b) princípio da coor<strong>de</strong>nação; e<br />

c) princípio <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>.<br />

O princípio <strong>de</strong> extensão tentava <strong>de</strong>terminar a localização e a extensão dos fenômenos<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m geográfica. O princípio da coor<strong>de</strong>nação visava a observar o comportamento<br />

e as características <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados fenômenos já localizados, estabelecendo<br />

analogias com fenômenos semelhantes que ocorrem em outros locais, estabelecendo<br />

coor<strong>de</strong>nações entre eles, como no caso <strong>de</strong> erosões, etc. O princípio <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> in-<br />

2 Delgado <strong>de</strong>monstra a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simplificar a <strong>de</strong>nominação para <strong>Geografia</strong> humana, já que a outra era já conhecida<br />

como <strong>Geografia</strong> física, tomando assim uma postura que acabou se convencionando entre as várias <strong>de</strong>nominações propostas:<br />

Antropogeografia, <strong>Geografia</strong> social, <strong>Geografia</strong> cultural, Geosociologia (CARVALHO, 1925, p. 94-96).

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