Geografia e geopolítica: a contribuição de ... - Biblioteca - IBGE
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<strong>Geografia</strong> e <strong>geopolítica</strong><br />
48 ........................ A <strong>contribuição</strong> <strong>de</strong> Delgado <strong>de</strong> Carvalho e Therezinha <strong>de</strong> Castro<br />
No prefácio <strong>de</strong> sua tese, mais tar<strong>de</strong> publicada, fala primeiro da importância da<br />
língua inglesa em sua vida.<br />
Foi esta a impressão que me causou o estudo da língua ingleza, pela qual sempre tive<br />
especial predilecção talvez por ter sido levado a estudal-a três vezes sucessivas: como<br />
criança, com collegial e como amador. Três vezes, sob pontos <strong>de</strong> vista bem differentes; a<br />
primeira para me exprimir; a segunda, para passar em exame e a terceira, para satisfazer<br />
o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer a fundo a philologia (DELGADO DE CARVALHO, 1920, p. 8).<br />
Mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstra uma preocupação que foi constante em seu trabalho como<br />
educador; a renovação dos métodos <strong>de</strong> ensino. O presente trabalho tem por objecto correspon<strong>de</strong>r<br />
a innovação do programma <strong>de</strong> 1920, mas propositalmente <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> lado a grammatica<br />
comparada e, por isso, raramente chama a attenção para as analogias e equivalentes do alemão<br />
(DELGADO DE CARVALHO, op.cit. p. 9).<br />
Em 1924, com a morte <strong>de</strong> Carlos Américo dos Santos, assume o cargo <strong>de</strong> professor<br />
titular. Em seu discurso, como <strong>de</strong> praxe nas cerimônias <strong>de</strong> posse do colégio, falou do<br />
professor que substituiria, aproveitando para fazer uma crítica ao sistema <strong>de</strong> admissão<br />
que, em sua opinião, privava a educação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s intelectuais,<br />
Como professor infelizmente, Carlos Américo só po<strong>de</strong> consagrar o accaso <strong>de</strong> sua vida à<br />
formação <strong>de</strong> novas gerações. Apezar <strong>de</strong> classificado em 1º. lugar no concurso <strong>de</strong> 1889, só<br />
em 1911 entrava <strong>de</strong> facto para o Collegio <strong>de</strong> Pedro II. Já não era mais moço, já tinha perdi-<br />
do em parte o seu enthusiasmo pela causa do ensino que era a vocação real da sua moci-<br />
da<strong>de</strong>. Durante doze annos, entretanto, <strong>de</strong>dicou-se constantemente a sua nova profissão.<br />
Poucos brasileiros estavam habilitados como Carlos Américo a reger uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> in-<br />
glez nesta casa (DELGADO DE CARVALHO, 1924, p. 28).<br />
No Colégio Pedro II, Delgado <strong>de</strong> Carvalho participou <strong>de</strong> vários projetos educacionais<br />
visando à inovação <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> ensino. Sua reconhecida formação em sociologia<br />
fez com que permanecesse pouco tempo como professor <strong>de</strong> inglês. Em 1927, com a inclusão<br />
da disciplina pela Reforma Rocha Vaz, passa a ministrá-la no ensino secundário. Com<br />
Everardo Backheuser e Raja Gabaglia, transformou o ensino <strong>de</strong> geografia do colégio não<br />
só por meio do método proposto na sua Geographia do Brasil, adotado com livro didático,<br />
mas também pela criação <strong>de</strong> laboratórios para estudos do clima e do solo, com quadros <strong>de</strong><br />
amostras dos vários tipos <strong>de</strong> cortes geológicos <strong>de</strong>senhados pelo próprio educador.<br />
Os homens velhos, lendo o magnífico compêndio, como hoje o ensino <strong>de</strong> geographia<br />
é quase o <strong>de</strong> uma sciencia racional, e não ficarão <strong>de</strong> boca aberta, quando assistindo os<br />
examens dos filhos no Collegio Pedro II, verificarem que as perguntas acolá feitas aos me-<br />
ninos não são nem <strong>de</strong> geologia, nem <strong>de</strong> anthropologia, mas <strong>de</strong> simples, <strong>de</strong> simplicíssima<br />
geographia na sua feição mo<strong>de</strong>rnista ( Jornal do Brasil, 28/01/1928).<br />
Em 1928, foi convidado por Fernando <strong>de</strong> Azevedo para implantar no curso Normal<br />
do recém-inaugurado Instituto <strong>de</strong> Educação a disciplina <strong>de</strong> Sociologia Educacional.<br />
Acompanharia ativamente a história da instituição até se aposentar compulsoriamente<br />
aos 70 anos. Na década <strong>de</strong> 1930, o instituto era um laboratório do projeto dos pioneiros<br />
da educação nova, no qual Anísio Teixeira, como inspetor <strong>de</strong> educação do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />
e Lourenço Filho, como diretor do próprio instituto, tinham o controle. As reformas<br />
no ensino Normal continuaram: a formação <strong>de</strong> professores passou a abranger estudos<br />
permanentes dos problemas da cultura brasileira. Em seu programa <strong>de</strong> ensino, fica claro<br />
seu apoio e sua intenção <strong>de</strong> alcançar tal objetivo. Assim, o futuro professor <strong>de</strong>veria<br />
compreen<strong>de</strong>r, com base em padrões científicos, o meio social que irá atuar e, com isso<br />
i<strong>de</strong>ntificar o objetivo social dos programas <strong>de</strong> ensino e organização escolar. O programa<br />
ainda se inseria em um objetivo maior do Curso Normal, que era: a libertação do espírito<br />
do futuro mestre a fim <strong>de</strong> que ele possa <strong>de</strong>cidir com personalida<strong>de</strong> e intima convicção os métodos<br />
<strong>de</strong> ensino com os quais irão trabalhar no futuro (LOURENÇO FILHO, 1937)