29.04.2013 Views

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sinopse <strong>de</strong> OUOMM permite-nos encontrar na narrativa o paralelo entre as<br />

diferentes culturas e sua convivência.<br />

O flagelo <strong>da</strong> pneumónica uniu no êxodo, cristãos e hindus. A família<br />

Miran<strong>da</strong> refugiou-se nas suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s em Nuvem. O pai <strong>de</strong> Manú ficou<br />

como voluntário num corpo <strong>de</strong> enfermeiros e morreu semanas antes do<br />

nascimento do filho. Manú nasceu em Novembro no dia em que foi assinado o<br />

armistício e a sua mãe, Genoveva Maria, morreu logo a seguir ao parto.<br />

Para começar, o seu nascimento <strong>de</strong>u-se fora <strong>da</strong> casa <strong>de</strong> família,<br />

numa situação só igualável à miserável condição <strong>de</strong> certas tribos nóma<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

que só havia noticia, imaginava, nos planaltos <strong>de</strong>sérticos do Decão.(...) Foi<br />

num ano que se tornou memorável pela <strong>de</strong>sgraça e pelo medo espalhados<br />

igualmente entre ricos e pobres, senhores e servos, adoradores <strong>de</strong> um ou mais<br />

<strong>de</strong>uses, pelo abandono <strong>da</strong>s casas e, finalmente, ao regresso a elas, ao reabrir<br />

<strong>de</strong> portão e janelas e dos guar<strong>da</strong>-roupas encerrados durante dias e noites <strong>de</strong><br />

quarentena (…) (OUOMM, p. 49).<br />

Exactamente no mesmo dia, 11 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1918, precisamente na<br />

mesma hora, nasceu o filho <strong>de</strong> um casal hindu vizinhos na mesma rua on<strong>de</strong><br />

morava a linhagem Miran<strong>da</strong>, a família Raitucar aceitara refugiar-se <strong>da</strong><br />

pneumónica na proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos vizinhos.<br />

Á mesma hora <strong>de</strong>sse mesmo dia, com a enigmática precisão dos<br />

mistérios insondáveis, também numa mo<strong>de</strong>sta casa <strong>de</strong> manducares <strong>da</strong> mesma<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> família Miran<strong>da</strong>, nascia outra criança do sexo masculino a<br />

quem os pais enlevados, momentaneamente esquecidos dos pavores que<br />

estavam a passar, <strong>de</strong>ram o nome <strong>de</strong> Xricanta, seguido do nome do pai,<br />

Vassu<strong>de</strong>va, e do apelido Raiturcar (OUOMM, p. 51).<br />

Serão percursos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> diferenciados, marcados por valores culturais<br />

extrapolados na diegese, que nos vaticinam a heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cristãos e<br />

hindus. O nascimento <strong>de</strong> Manú envolto em acontecimentos funestos: a morte dos<br />

pais, e a pneumónica é compensado com nascimento <strong>de</strong> Xricanta. A criança cristã,<br />

Manú Miran<strong>da</strong>, foi baptiza<strong>da</strong> numa pequena capela por um jovem diácono, numa<br />

cerimónia religiosa assisti<strong>da</strong> pelo vizinho Vassu<strong>de</strong>va.<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!