A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta
A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta
A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
INTRODUÇÃO<br />
A presença portuguesa em Goa durante quatro séculos e meio assistiu à<br />
singular riqueza cultural <strong>de</strong> uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> regi<strong>da</strong> por normas administrativas,<br />
económicas, sociais e políticas quase autónomas para uma província portuguesa.<br />
Quando os portugueses chegaram a Goa no século XVI encontraram uma<br />
reali<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural, histórica, religiosa e social partilha<strong>da</strong> com o resto <strong>da</strong> Índia.<br />
Quatro séculos mais tar<strong>de</strong>, em 1961, Portugal ren<strong>de</strong>u-se, sem a glória e honra que<br />
a História lhe exigia, ao exército <strong>da</strong> União Indiana. O hibridismo português<br />
reservou-nos, no entanto, uma prestigia<strong>da</strong> influência nos territórios <strong>de</strong> Goa,<br />
Damão e Diu que floresce na literatura, no cinema, na música e em tantas outras<br />
manifestações que exalam o cunho lusía<strong>da</strong>. O relacionamento pós-colonial com<br />
Goa, na actuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>verá afastar os saudosismos coloniais que encobrem a<br />
subalternização dos povos e <strong>da</strong>s suas culturas inatas. Se a língua portuguesa<br />
entrou em Goa e «não obstante estranha e “hostil”, era um valor cultural» 1 , a nós<br />
portugueses, reservou-nos o pós – colonialismo a construção <strong>de</strong> novos parâmetros.<br />
<strong>Orlando</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong>, o escritor que escolhemos para a nossa dissertação,<br />
nasceu a 2 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1929 em Lourenço Marques. O pai, Luís Afonso Maria<br />
<strong>Costa</strong>, era <strong>de</strong> origem goesa e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> antiquíssimas famílias <strong>da</strong>s mais<br />
nobres castas <strong>da</strong> Índia. Remontam ao século XVI alguns <strong>da</strong>dos que apontam para<br />
a conversão <strong>de</strong>sta família brâmane ao cristianismo. A mãe, Amélia Maria<br />
Frécheut Fernan<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>scendia <strong>de</strong> uma influente família <strong>de</strong> Moçambique. Aos<br />
quatro anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Orlando</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> <strong>de</strong>ixou Lourenço Marques atravessando o<br />
1 Albina Santos Silva, «Actas do 1 simposium <strong>de</strong> língua portuguesa diálogo e culturas», Revista<br />
Apren<strong>de</strong>r, viver, crescer, saber juntos nº 4 e 5, p. 120.<br />
Por opção metodológica, em to<strong>da</strong>s as citações que fizermos usaremos o sistema autor – <strong>da</strong>ta. As<br />
citações <strong>da</strong> bibliografia activa serão feitas pelo recurso à sigla i<strong>de</strong>ntificativa <strong>da</strong> obra e número <strong>de</strong><br />
página.<br />
7