29.04.2013 Views

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

e, OUOMM remetem-nos para ângulos <strong>de</strong> visão diferentes. No primeiro romance<br />

o plano <strong>da</strong> exploração social, no segundo visões <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e cultura. Sem<br />

dúvi<strong>da</strong> o Neo- Realismo como florescimento cultural <strong>de</strong> preocupações<br />

socioculturais “cria uma fixação estética e ética que exerceu uma influência<br />

indubitável na visão do mundo português”. 143<br />

Entre a publicação <strong>de</strong>, O Signo <strong>da</strong> Ira e, O Último Olhar <strong>de</strong> Manú<br />

Miran<strong>da</strong>, existe uma distancia temporal <strong>de</strong> quatro déca<strong>da</strong>s. Estes dois romances<br />

prosseguem numa linha <strong>de</strong> textualização <strong>de</strong> memórias que atravessam um período<br />

<strong>da</strong> História premiando a narrativa pela crescente tensão dramática <strong>da</strong>s<br />

personagens angustia<strong>da</strong>s na busca <strong>da</strong>s suas raízes.<br />

Muita coisa mudou em Portugal após o 25 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1974 e a<br />

<strong>de</strong>scolonização trouxe este enigma <strong>de</strong> sentir a mu<strong>da</strong>nça e a consciência <strong>da</strong><br />

mu<strong>da</strong>nça. Este arcano exige que estejamos <strong>de</strong>spertos, como escreve Eduardo<br />

Lourenço:<br />

Querendo-o ou não, somos agora outros, embora como é natural<br />

continuemos não só a pensar-nos como os mesmos, mas até a fabricar novos<br />

mitos para assegurar uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> que, se persiste, mudou <strong>de</strong> forma,<br />

estrutura e consciência. Chegou o tempo <strong>de</strong> existirmos e nos vermos tais<br />

como somos. (2001: p.116)<br />

Se a mensagem <strong>de</strong> Eduardo Lourenço se dirige directamente aos<br />

portugueses, também em Goa parece ser tempo <strong>de</strong> escutar e pensar sobre as<br />

palavras <strong>de</strong> <strong>Orlando</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong>:<br />

Goa está ameaça<strong>da</strong> <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou enfraquecer a<br />

sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, não só pela convivência com outros tipos <strong>de</strong> indianos que são<br />

seus irmãos étnicos, embora com religiões e práticas sociais diferentes, mas<br />

o que é isso quando através <strong>da</strong> televisão a América também está a<br />

americanizar a Índia to<strong>da</strong>? Goa está entregue, penso eu, às suas próprias<br />

143 Alfredo Margarido apud Carlos Reis, op.cit. 157.<br />

Na sua análise Carlos Reis recorreu ao autor citado pelas consi<strong>de</strong>rações importantes que este teceu<br />

sobre o Neo-Realismo no artigo «Uma geografia <strong>da</strong> ficção neo-realista» publicado no Diário<br />

Popular, Lisboa, 14-12-1978, p. 16.<br />

93

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!