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A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

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MÃE …Coita<strong>da</strong>!, por amor do seu Bostú era capaz <strong>de</strong> se esquecer <strong>de</strong> ganhar<br />

o céu para não per<strong>de</strong>r o direito <strong>de</strong> voltar a vê-lo antes <strong>de</strong> morrer… (SFNC, p.<br />

28).<br />

O irmão morre sem o perdão <strong>da</strong> mulher e na aflição agrava<strong>da</strong> <strong>de</strong> morrer<br />

no momento em que o filho adoptivo, um padló regressa a casa e os sol<strong>da</strong>dos<br />

portugueses se ren<strong>de</strong>m:<br />

VOZ DO PAI «Cale-se! Proíbo-lhe!»<br />

VOZ DE BOSTÚ «Tio!»<br />

VOZ DO PAI «Proíbo-lhe <strong>de</strong> falar…<strong>de</strong> continuar nesta casa…»<br />

VOZ DE BOSTÚ «… Mas tio…»<br />

VOZ DO PAI «Proíbo-lhe <strong>de</strong> continuar a chamar-me tio!...»<br />

(…) Por que se ren<strong>de</strong>m os sol<strong>da</strong>dos na hora <strong>da</strong> minha morte? (SFNC,<br />

p.142)<br />

O conflito histórico - social patente no drama é enfrentado <strong>de</strong> forma<br />

oposta pelas duas gerações com visões políticas e i<strong>de</strong>ológicas diferentes. Os<br />

filhos, Bostú e Manú, não <strong>de</strong>ixarão que a aquela terra seja arrasa<strong>da</strong>, os cânticos<br />

<strong>da</strong>s crianças são uma pre<strong>de</strong>stinação, “esta terra não será arrasa<strong>da</strong>”. Rosen<strong>da</strong><br />

i<strong>de</strong>ntifica o regresso <strong>de</strong> Bostú ao momento <strong>de</strong> libertação e esperança,<br />

proporcionado pala acção divina: “Deuassó putr sórgar than sonsarant eiló”. 123<br />

A presença dos dois Mensageiros-Arautos, um <strong>de</strong> branco, o outro <strong>de</strong><br />

caqui perfila as diferentes perspectivas temporais <strong>da</strong>s duas gerações. Ca<strong>da</strong> um<br />

<strong>de</strong>les espalha uma mensagem. O Mensageiro <strong>de</strong> caqui é uma alegoria ao<br />

Presi<strong>de</strong>nte do Conselho e aos seus discursos aos sol<strong>da</strong>dos expedicionários. Existe<br />

uma analogia discursiva entre o comunicado e os discursos <strong>de</strong> Salazar:<br />

No palco <strong>da</strong>s operações, apesar <strong>da</strong> <strong>de</strong>scomunal superiori<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

numérica do invasor, as nossas forças resistem.<br />

123 «O Filho <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong>sceu do céu à terra…». Tradução do autor, <strong>Orlando</strong> <strong>da</strong> <strong>Costa</strong>. SFNC, p.<br />

127.<br />

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