29.04.2013 Views

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

De Manú Miran<strong>da</strong> sabia-se que em Bombaim, quando por lá andou<br />

durante a guerra a prestar serviço na censura à correspondência postal<br />

monta<strong>da</strong> pelos ingleses contra eventuais agentes <strong>de</strong> espionagem italiana,<br />

apostava forte nas corri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cavalos. (…) De Emílio, que do mesmo modo<br />

que outros goeses, graças aos seus conhecimentos <strong>da</strong> língua portuguesa e<br />

algum latim, estiveram a trabalhar no mesmo serviço (OUOMM, p.73).<br />

Após o regresso <strong>de</strong> Bombaim, Manú volta a ter notícias <strong>de</strong> Xricanta. O<br />

amigo estu<strong>da</strong>va numa “universi<strong>da</strong><strong>de</strong>” 99 em Calcutá, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo filósofo e<br />

Prémio Nobel <strong>da</strong> Literatura, Rabindranth Tagore. Deve ao rádio do tio, um<br />

Telefunken, o adimplemento <strong>de</strong>ssa falha na sua sabedoria.<br />

Tinha “frequentado o Liceu D. João <strong>de</strong> Castro, os três anos seguintes,<br />

fizera-os, igualmente em Margão, recebendo, muito só e enfa<strong>da</strong>do, lições<br />

particulares <strong>de</strong> explicadores habilitados para o ensino <strong>da</strong>s disciplinas do segundo<br />

ciclo” O último ano do ensino secundário foi fazê-lo no liceu <strong>da</strong> capital e nunca<br />

tivera conhecimento <strong>da</strong>quela personali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Concluiu que Ubaldino Antão tinha<br />

razão, quando dizia que afinal, “não passávamos <strong>de</strong> macacos <strong>de</strong> imitação dos<br />

paclés, sempre <strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> exibir arremedos <strong>de</strong> erudição vin<strong>da</strong> do oci<strong>de</strong>nte”<br />

(OUOMM, p. 270).<br />

Como po<strong>de</strong>ria Manú Miran<strong>da</strong> ter ouvido falar <strong>de</strong> Tagore se “nas escolas<br />

oficiais ignorava-se a civilização hindu, os gran<strong>de</strong>s épicos, os gran<strong>de</strong>s mitos, o<br />

pensamento filosófico…?” (OUOMM, p.270).<br />

Rabindranth Tagore era um <strong>de</strong>fensor <strong>da</strong> reconciliação com o oci<strong>de</strong>nte,<br />

aceitava a universali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cultura opondo-se a algumas i<strong>de</strong>ias nacionalistas <strong>de</strong><br />

Mahattma Gandhi para além <strong>de</strong> criticar o ensino suprido nas escolas.<br />

Assim como até aos nossos dias cultivamos em nossas escolas um<br />

egoísmo colectivo <strong>da</strong> Nação, assim também <strong>de</strong>vemos agora basear a<br />

educação futura não mais no nacionalismo, mas numa concepção menos<br />

estreita <strong>da</strong>s relações <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> […]<br />

Tudo que é gran<strong>de</strong> e ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro na humani<strong>da</strong><strong>de</strong> está á nossa porta,<br />

como um hóspe<strong>de</strong> pronto para ser convi<strong>da</strong>do. Não lhe <strong>de</strong>vemos perguntar <strong>de</strong><br />

99 Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Internacional Visva- Bharati fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1918.<br />

63

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!