A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta
A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta
A Prosa Literária de Orlando da Costa - Universidade Aberta
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Era o liceu D. João <strong>de</strong> Castro, outro dos nomes insignes, a juntar-se aos <strong>de</strong><br />
Vasco <strong>da</strong> Gama e <strong>de</strong> Afonso <strong>de</strong> Albuquerque na galeria «gloriosa gesta<br />
lusía<strong>da</strong>», expressão que ficou grava<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tenra i<strong>da</strong><strong>de</strong> na memória confusa<br />
<strong>de</strong> Manú Miran<strong>da</strong> <strong>de</strong> tanto a ter ouvido em celebrações oficiais, solenes e<br />
patrióticas, mas cujo significado só mais tar<strong>de</strong> terá entendido (OUOMM,<br />
p.88).<br />
Estas escolas frequenta<strong>da</strong>s por cristãos e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do regime político<br />
certificavam a transmissão <strong>de</strong> valores e símbolos <strong>da</strong> pátria. E evi<strong>de</strong>nte que ain<strong>da</strong><br />
existe uma política <strong>de</strong> solidificação <strong>da</strong> presença em Goa através do Padroado<br />
reforça<strong>da</strong> pela acção <strong>de</strong> Dom José <strong>da</strong> <strong>Costa</strong> Nunes.<br />
Dom José insiste sur l’amélioration <strong>de</strong> la formation intellectuelle et morale<br />
<strong>de</strong> son clergé pour renforcer l’autorité et le prestige du Padroado en In<strong>de</strong>.<br />
Plus généralement, il s’attache à <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r l’Héritage portugais <strong>da</strong>ns<br />
l’éducation, autant pour encourager les vocations au séminaire que pour<br />
mieux sensibiliser la population au discours <strong>de</strong> son Église. Dom José part<br />
alors d’un constat opéré, dés son arrive en janvier 1942, lorsqu’il Remarque<br />
que parmi les nombreuses écoles présentes sur le territoire, les plus<br />
fréquentées restaient celles qui privilégiaient l’enseignement <strong>de</strong> l’anglais au<br />
détriment dés cours <strong>de</strong> langue et <strong>de</strong> civilisation portugaise. 97<br />
Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, muitas crianças nas escolas não entendiam bem o significado<br />
do hino nacional nem a simbologia <strong>de</strong> muitas cerimónias oficiais. Entre muitos<br />
<strong>de</strong>sses alunos estavam futuros emigrantes para Bombaim e África. A vantagem <strong>de</strong><br />
terem aprendido português, e um pouco <strong>de</strong> latim, colocou Manú e o amigo Emílio<br />
Xavier habilitados como funcionários dos serviços <strong>de</strong> censura, em Bombaim. 98<br />
97 Bégue, op. cit., pp. 98-99.<br />
98 A 16 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1946 Froilano <strong>de</strong> Melo, único <strong>de</strong>putado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para a representação <strong>de</strong><br />
Goa no Parlamento, no seu discurso na Assembleia Nacional faz notar a situação e o valor dos<br />
portugueses emigrantes em Bombaim: Acabo <strong>de</strong> visitar a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bombaim, a urbs prima in<br />
Índia, em que vivem e sofrem e mourejam 80.000 Portugueses <strong>da</strong> Índia. São os nossos emigrantes,<br />
<strong>de</strong> cujas poupanças vive a nossa pobre e outrora gloriosa Goa. E se a gran<strong>de</strong> maioria labuta em<br />
misteres humil<strong>de</strong>s, uma eleva<strong>da</strong> percentagem ocupa posições <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, colabora com a<br />
administração inglesa, mercê <strong>da</strong> educação oci<strong>de</strong>ntal que Portugal lhe ministrou. São todos<br />
Portugueses, orgulham-se <strong>de</strong> ser Portugueses. Falam o português na intimi<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu lar,<br />
celebram nos seus grémios as <strong>da</strong>tas mais célebres <strong>da</strong> nossa História e tem num cantinho <strong>da</strong> casa a<br />
imagem e o culto <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> missionário português que é em terras do Oriente o símbolo vivo e<br />
amado do Portugal <strong>da</strong> Renascença. D.R. 17-01-1946 p. 197. Disponível em<br />
http://<strong>de</strong>bates.parlamento.pt/page.aspx?cid=r2.<strong>da</strong>n [Consult.2009-03-23].<br />
62