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Tópicos de Geometria - CMUP

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9 Grupos Cristalográficos<br />

Vimos, nas secções anteriores, a classificação dos subgrupos finitos <strong>de</strong> I(R 3 );entreos<br />

subgrupos não finitos <strong>de</strong> I(R 3 ), os mais importantes são os que estão ligados à teoria<br />

matemática dos cristais. Associado aos cristais, com uma estrutura atómica espacialmente<br />

or<strong>de</strong>nada e regular, está o conceito <strong>de</strong> reticulado (ou malha; lattice em inglês).<br />

Definição 132 Um reticulado L ½ R n é o conjunto das combinações lineares inteiras <strong>de</strong><br />

uma base fe i g i=1,...,n<br />

<strong>de</strong> R n : L = f P n<br />

i=1 r ie i : r i 2 Zg.<br />

No plano, um reticulado aparece como o conjunto dos vértices <strong>de</strong> uma malha <strong>de</strong><br />

paralelogramos, daí o nome.<br />

Consi<strong>de</strong>rando L como um subgrupo do grupo aditivo R n , L énaturalmenteisomorfo<br />

ao grupo Z n dos pontos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas inteiras,e que é o reticulado correspon<strong>de</strong>nte à<br />

base canónica. Como subgrupo do grupo aditivo R n , L é também naturalmente isomorfo<br />

a um subgrupo <strong>de</strong> I(R n ) constituído por translações: T L = fT a : a 2 Lg; claroque<br />

T = hT e1 ,T e2 , ..., T en i. Reciprocamente dado um subgrupo <strong>de</strong> translações, G T ∙ I(R n ),<br />

gerado por n translações em direcções in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, temos associado um reticulado<br />

L = ff(0) : f 2 G T g e T L = G T .<br />

Exercício 133 Mostre que qualquer recta por dois pontos <strong>de</strong> um reticulado L contém um<br />

número infinito <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> L.<br />

Dada um reticulado L as translações que o <strong>de</strong>ixam invariante são precisamente as<br />

<strong>de</strong> T L . L po<strong>de</strong> ser invariante por outras isometrias: mas no caso das rotações há uma<br />

restrição quanto às or<strong>de</strong>ns que elas po<strong>de</strong>m ter (dita restrição cristalográfica, quetem<br />

importância especial para as formas possíveis que os cristais po<strong>de</strong>m assumir):<br />

Teorema 134 (Restrição cristalográfica) Se L ½ R n é um reticulado com n =2ou<br />

3 e ρ 2 S(L) éumarotação<strong>de</strong>or<strong>de</strong>mm, então<br />

m =2, 3, 4 ou 6<br />

Prova. Vejamos primeiro o caso n =2. É claro que qualquer rotação R(C, θ) 2 S(L)<br />

tem or<strong>de</strong>m finita: porque dado um ponto q 2 L, q6= C, há apenas um número finito<br />

<strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> L àmesmadistância<strong>de</strong>C.Consi<strong>de</strong>re-se o conjunto M ½ R 2 dos centros <strong>de</strong><br />

todasasrotações<strong>de</strong>S(L); L ½ M porque L é invariante por todos os meios-giros com<br />

centros nos seus pontos. M é um conjunto discreto: dada uma rotação ρ 2 S(L) <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

n com centro p 2 M ¡ L, sejaq um ponto <strong>de</strong> L a distância mínima <strong>de</strong> p; p éocentroi<strong>de</strong><br />

da órbita <strong>de</strong> q pelaacçãodogrupocíclicohρi: é claro que no interior do polígono regular<br />

<strong>de</strong> vértices v i = ρ i (q) , i =1, 2, ...n, não há pontos <strong>de</strong> L e, por isso, também não po<strong>de</strong><br />

haver outro centro <strong>de</strong> uma rotação <strong>de</strong> S(L). Recor<strong>de</strong>-se que a conjugação fρf −1 ,poruma<br />

qualquer isometria f ,éaindaumarotação<strong>de</strong>or<strong>de</strong>mn ecentrof(p), e está em S(L)<br />

se f é uma simetria <strong>de</strong> L; háportantoumnúmeroinfinito <strong>de</strong> rotações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m n em<br />

S(L): seja p 1 6= p um centro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas rotações a distância mínima <strong>de</strong> p eseja<br />

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