Tópicos de Geometria - CMUP
Tópicos de Geometria - CMUP
Tópicos de Geometria - CMUP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ser sequer um ponto <strong>de</strong> L ou, no caso n =3, o seu eixo não passar por L)(Sugestão:<br />
recor<strong>de</strong> que toda a isometria se escreve como a composta <strong>de</strong> uma aplicação ortogonal com<br />
uma isometria)<br />
Definição 138 Um grupo cristalográfico é um subgrupo G ∙ I(R n ) cujo subgrupo das<br />
translações, G T = G \ R n , constitui um reticulado.<br />
Exercício 139 Mostre que a <strong>de</strong>finição anterior é equivalente a dizer que G contém n<br />
translações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas não contém translações por vectores <strong>de</strong> norma arbitrariamente<br />
pequena.<br />
Note-se que na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> grupo cristalográfico é apenas dito que o subgrupo das<br />
translações forma um reticulado, mas não que o grupo em questão é o grupo <strong>de</strong> simetria<br />
<strong>de</strong>sse reticulado, nem mesmo que é um subgrupo <strong>de</strong>ste; a equivalência <strong>de</strong> grupos cristalográficos<br />
é feita, digamos, a menos dos respectivos reticulados: as aplicações mais naturais<br />
que enviam um reticulado noutro reticulado são aplicações afim, porque preservam as<br />
relações <strong>de</strong> colinearida<strong>de</strong> e coplanarida<strong>de</strong>. Por isso, dizemos:<br />
Definição 140 Dois grupos cristalográficos G, G 0 ∙ I(R n ) são equivalentes se são conjugados<br />
em Afim(R n ).<br />
Como é indicado mais adiante, sabe-se (1910, Bieberbach) que dois grupos cristalográficos<br />
são equivalentes se e só se são isomorfos como grupos, em abstracto.<br />
9.1 A classificação dos grupos cristalográficos<br />
Esta classificação existe para n =2e 3: foifeitanofinal do século XIX por E.S.Fedorov<br />
e, um pouco mais tar<strong>de</strong>, também por A.Schoenflies. Amenos<strong>de</strong>equivalênciahá219<br />
grupos cristalográficos espaciais; ou 230 se se consi<strong>de</strong>rar apenas as aplicações afins que<br />
preservam a orientação (isto é, cuja parte linear tem <strong>de</strong>terminante positivo). No caso<br />
n = 2, estes grupos dizem-se grupos ornamentais ou grupos <strong>de</strong> papel-<strong>de</strong>-pare<strong>de</strong>, pois<br />
representam todos os tipos <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> simetria que po<strong>de</strong>mos encontrar nesses papéis:<br />
existem, precisamente, 17 grupos <strong>de</strong> papel-<strong>de</strong>-pare<strong>de</strong>; sabe-se que todos estes 17 padrões<br />
eram conhecidos, pelo menos empiricamente, pelos Mouros, como se po<strong>de</strong> verificar nos<br />
ornamentos do Palácio <strong>de</strong> Alhambra em Granada (a história da i<strong>de</strong>ntificação recente <strong>de</strong><br />
todos os 17 padrões no Alhambra é muito curiosa: ver o excelente ví<strong>de</strong>o [12]).<br />
Há muitas textos <strong>de</strong> divulgação matemática (como rapidamente se comprova por uma<br />
pesquisa na www) sobre os grupos <strong>de</strong> papel-<strong>de</strong>-pare<strong>de</strong>, e há muitas provas elementares e<br />
relativamente simples <strong>de</strong> que são <strong>de</strong> facto 17 e que contêm, em geral, a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> cada<br />
um <strong>de</strong>les: ver [10] ou [4, Capítulo 11].<br />
O livro Tilings and Patterns, [9], é a referência máxima em questões <strong>de</strong> simetria: nas<br />
páginas 40 ¡ 45 po<strong>de</strong> encontrar também uma <strong>de</strong>scrição cuidada dos 17 padrões; este<br />
livrocontémtambémumaprovadaclassificação, mas é menos elementar (aparece como<br />
consequência <strong>de</strong> uma classificação mais geral <strong>de</strong> certos tipos <strong>de</strong> pavimentação); é curioso,<br />
comparando coma última referência, que este livro ainda afirma que a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que no<br />
Alhambra seria possível <strong>de</strong>tectar os 17 padrões é infundada.<br />
70