107Exemplo 2:Em meio `a frase ¨Tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais no que se refere ao nosso ternorelacionamento¨ o esquecimento foi abrupto. A frase foi dividida em duaspartes: ¨Tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais (esquecimento) no que se refere ao nosso ternorelacionamento¨. TAAARDJIDJIMAAAAIIIIS integrou-se a primeira parte dapartitura e evocou ¨Valmont avança agressivamente para Merteuil¨. Já asegunda parte, integrada ao movimento ¨sentar-se¨, evocou intimida<strong>de</strong> econtenção, bem como a divisão: NUQUISIREFERI / AUNOSSUTERNU /RELACIONAMEINTU. Com a recuperação da memória a tendência foi unirnovamente as duas partes e per<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>senho já constituído.2.6. Associações Cotidianas2.6.1. Mimesis¨Ações cotidianas¨ são imagens do corpo cotidiano escolhidas apartir da observação. O procedimento: observar pessoas e isolar asimagens, nomeando-as e or<strong>de</strong>nando-as (pela escrita). Isoladas do contextooriginal são tomadas como ativida<strong>de</strong>s a serem introduzidas em jogo.AS IMAGENS ESCOLHIDAS FORAM PARTITURIZADAS1. Arrumar a manga da camisa2. Voltar a cabeça3. Olhar para o lado4. Apoiar o antebraço na mesa segurando a chave5. Apoiar o cotovelo esquerdo6. Mexer no cabelo
1087. Apoiar a mão na coxa8. Mexer os <strong>de</strong>dos9. Mexer na camisa10. Bater na perna11. Virar a cabeça para o lado12. As duas mãos no colo13. Duas mordidinhas no chiclete14. Apoiar os antebraços na mesa15. Ficar olhando os papeizinhos16. Balançar o ¨todynho¨ para o lado17. Balançar o ¨todynho¨ para a frente18. Mão esticada, mão direita por cima balançando a chave19. Segurar o punho20. Balançar a mão do punho21. Balançar a perna (agitada) / braço para baixoPartitura <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s CotidianasA partitura integrou-se ao trecho que vem logo após a chegada <strong>de</strong>Valmont e a revelação do nome ¨Turvel¨. Merteuil fala sobre o jovem amante.Ciumento, você, Valmont. Que recaída. Eu enten<strong>de</strong>ria se você oconhecesse. Além disso, estou certa <strong>de</strong> que você já o encontrou. <strong>Um</strong>belo homem. Embora não muito diferente <strong>de</strong> você. As aves <strong>de</strong>arribação também revoluteiam na re<strong>de</strong> do hábito, mesmo quando oseu vôo se esten<strong>de</strong> por continentes inteiros. Dê uma volta. Avantagem <strong>de</strong>le é a sua juventu<strong>de</strong>. Também na cama, se quer saber.Quer saber. <strong>Um</strong> sonho, se tomo você como realida<strong>de</strong>, Valmont.Perdão. Daqui a <strong>de</strong>z anos, talvez nada te diferencie, contanto que eupossa te transformar em pedra ou em outro material mais solicito,agora com um suave olhar <strong>de</strong> medusa. <strong>Um</strong>a fantasia frutífera: omuseu dos nossos amores. Teríamos a casa cheia, não é, Valmont?Como a coluna <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>sejos apodrecidos. Os sonhos mortos,em or<strong>de</strong>m alfabética ou cronológica, livre dos acasos da carne, nãomais expostos aos sustos da transformação. Nossa memória precisa<strong>de</strong> muletas; não se lembra nem mesmo da sinuosida<strong>de</strong> diferente dosrabos, para já não falar dos rostos: um vapor. A Tourvel é umaofensa. Não te <strong>de</strong>i a liberda<strong>de</strong> para trepar com esta vaca, Valmont(1)._______________________1. MÜLLER, Heiner. Quatro Textos para Teatro: Mauser, Hamlet-máquina, A Missão, Quarteto.São Paulo: Hucitec, 1987, pg. 60.