75<strong>de</strong>mônio, etc. Dançávamos em grupo e, a cada troca <strong>de</strong> olhar, ações eramevocadas: um ¨encontro amistoso, um sorriso, uma aproximação¨ (com o¨anjo¨), ¨o ódio, o embate, a disputa¨ (com o ¨<strong>de</strong>mônio¨), a ¨<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, ocuidado, carinho, <strong>de</strong>samparo, pedir ajuda¨ (com ¨pequeno¨), etc.Percebi que a qualida<strong>de</strong> física, quando em foco, ¨transformava aforma¨ inscrita em cena (uma ativida<strong>de</strong>, contexto da atriz), <strong>de</strong> maneira que aação ¨aparecia¨ (era ¨evocada¨). Comecei o jogo com o Primeiro Monólogo <strong>de</strong>Merteuil integrando qualida<strong>de</strong>s `a partitura física. Foram originadas açõesnomeadas a posteriori: ¨sobressaltar-se¨, ¨enfeitar-se¨, ¨olhar ou não olhar¨,¨esperar por Valmont¨. <strong>Um</strong>a relação com o outro se estabeleceu. No caso,este outro do universo ficcional: Valmont.SEQÜÊNCIA DA PARTITURA FOCO DIVIDIDO AÇÃO FÍSICARESULTANTEAÇÃOEVOCADAVai em um movimento <strong>de</strong>cididoTransformar aBalancinho do corpo emRecompor-se.para os seios, um espasminho,partitura junto `aestacato (¨tranquinhos¨).vira-se para a diagonal esquerda,qualida<strong>de</strong> físicaAs mãos avaliam,apoia a mão esquerda no banco, a¨pequeno¨arrumam, checam,direita apoiada no banco, em frenteconsertam, protegem oao externo a esquerda fechada,corpo. O queixo parauma respiração faz balançarcima.suavemente o tronco.Inclina a cabeça para o ladoTransformar aForma <strong>de</strong> ¨empurrar o ar¨Sobressaltar-esquerdo, acentua o foco do olhar,partitura junto apara a diagonal esquerdase, evitar olhar,balança a cabeça em uma negativa¨estacato¨ ebaixa, revesando asescon<strong>de</strong>r-se.enfática, gesto da mão cortando o¨gran<strong>de</strong>¨mãos com velocida<strong>de</strong> ear, abre a mão em uma pequenatônus alterados.explosão.Exemplo <strong>de</strong> transformação da Partitura <strong>de</strong> Mimesis <strong>de</strong> Performance
762.2.3. A Inscrição Espontânea <strong>de</strong> <strong>Imagens</strong>No momento <strong>de</strong> transformação da partitura (da ¨substituição¨ <strong>de</strong>uma forma por outra), imagens se instalaram, integradas `a ação física queajudavam a construir. Já <strong>de</strong>cantadas, porém esquecidas (¨fora <strong>de</strong> foco¨), seinstalaram sem planejamento na posição do ¨instantâneo¨. As resultantesinscreveram impulso.Exemplo 1:A sentença era: ¨Valmont, eu dava por acabada a sua paixão pormim. Qual a origem <strong>de</strong>ste repentino recru<strong>de</strong>scer. E com tanta força juvenil?¨.Durante a aplicação da Memorização Através da Escrita, cometi um erro:troquei ¨repentino¨ por ¨tamanho¨. Na etapa da correção, REPEINTHINUprecisava ser encaixado na frase. Ao passar os olhos por Valmont (registroescrito) associei um ¨susto¨. A imagem manteve-se ¨esquecida¨ (¨fora dofoco¨). Em jogo <strong>de</strong> enunciação, com a transformação da partitura em foco,surgiu a ação ¨sobressaltar-se¨ e a imagem vocal ¨ÃÃHH!!!!! VAUMOUM!!!!!!ÃÃÃHH!!!!¨. A resultante inscrevia, no corpo, a ¨repulsa¨, a ¨histeria¨.