11.07.2015 Views

APROPRIAÇÃO DE TEXTO: Um Jogo de Imagens - ECA-USP

APROPRIAÇÃO DE TEXTO: Um Jogo de Imagens - ECA-USP

APROPRIAÇÃO DE TEXTO: Um Jogo de Imagens - ECA-USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

88maneira que o corpo se tornou o palco da integração entre ¨elementosrelativamente autônomos¨.A prática toca em consi<strong>de</strong>rações teóricas dicotômicas. Ubersfeldcritica a construção ontológica da personagem. Propõe um lugar vazio naestrutura textual por on<strong>de</strong> o sentido passa, este que o espectador constrói¨investindo¨ sua fala e <strong>de</strong>sejo. Aqui, temos o ator, <strong>de</strong> certa forma, comoespectador das resultantes, das inscrições espontâneas a partir da estruturado jogo. A crítica <strong>de</strong> Ubersfeld é direcionada ao discurso que transforma apersonagem em ¨uma¨ imagem petrificada.Consi<strong>de</strong>ramos, então, que a noção <strong>de</strong> personagem (textualcênica),em sua relação com o texto e com a representação, é umanoção da qual uma semiologia do teatro não po<strong>de</strong> atualmenteabster-se, mesmo que seja preciso consi<strong>de</strong>rá-la não comosubstância (pessoa, alma, caráter, indivíduo único), mas comolugar, lugar geométrico <strong>de</strong> estruturas diversas, como uma função<strong>de</strong> mediação. Longe <strong>de</strong> ver sob a personagem uma verda<strong>de</strong> quepermite construir um discurso ou um metadiscurso organizado, épreciso, por certo, tomá-la como o ponto <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong>funcionamentos relativamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. (1)A personagem (<strong>de</strong> teatro) não se confun<strong>de</strong>, portanto, com odiscurso psicologizante ou mesmo psicanalizante que se po<strong>de</strong>construir sobre ela. Esse tipo <strong>de</strong> discurso, por mais brilhante queseja, nunca se mostra muito esclarecedor para o pessoal <strong>de</strong> teatro.(...) Enfim, há sempre o risco <strong>de</strong> ele fazer a personagem aparecercomo uma ¨coisa¨ ou, quando muito, um ser a <strong>de</strong>svendar por meio<strong>de</strong> uma prática linguageira <strong>de</strong> <strong>de</strong>svelamento: há o risco <strong>de</strong> eletorná-la cristalizada, ¨petrificada¨, um objeto e não mais lugarin<strong>de</strong>finidamente renovável <strong>de</strong> uma produção <strong>de</strong> sentido. (2)A dicotomia aparece quando a sistemática stanislavskiana propõea construção da vida da personagem. No entanto, percebe-se que a criação<strong>de</strong> circunstâncias dadas era realizada a partir <strong>de</strong> fragmentos, <strong>de</strong> maneira aencontrar o que estimulasse o ator.______________________1. UBERSFELD, Anne. Para Ler o Teatro, São Paulo: Perspectiva, 2005, pg. 72.2. UBERSFELD, Anne. op. cit., pg. 72.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!