1133.1. Criação e Memorização das Palavras InventadasA fala da personagem – fala por trás da qual não há nenhuma pessoa,nenhum sujeito – impele, por meio <strong>de</strong>sse vazio mesmo, e pelo <strong>de</strong>sejo quesuscita, a nele investir a própria fala.UbersfeldEl arte comienza en el momento en que el personaje <strong>de</strong>saparece y quedael ¨yo¨ circunstianciado por al pieza.Toporkov1 2 3 4Memorização<strong>Jogo</strong>s <strong>de</strong> enunciação,Passar o texto naO revesamento éAtravés da Escrita,criação <strong>de</strong> repertórioimobilida<strong>de</strong>. O corpo sememorizado pelacriação da imagemfísico, absorção, tônus,engaja. Palavras inventadasescrita. Criação <strong>de</strong>acústica do texto-imagens da ficção;em revesamento com o textoregras quedado, ativida<strong>de</strong>retorno `a escrita,são escolhidas na medidaorganizam o corpointerna, imagens,leituras, novasem que reforçam a ativida<strong>de</strong>no espaço.associações.associações.interna.Etapas preparatórias para a Segunda Modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Jogo</strong>: construção da subpartitura3.1.1. A Criação das Palavrasperceberem¨.A escolha das ¨palavras inventadas¨ foi realizada ¨sem os outrosSem que os outros percebam, po<strong>de</strong>-se treinar as ações físicas, efazer as composições das ações físicas permanecendo no níveldos impulsos. Isso que dizer que as ações ainda não aparecemmas estão no corpo, porque são im/pulso. Por exemplo: em ummomento <strong>de</strong> meu personagem estou em um jardim sentado em umbanco, alguém senta-se ao meu lado, eu o olho. Agora trabalhosobre este momento sozinho. Exteriormente – não estou olhandoesta pessoa – faço somente o ponto <strong>de</strong> partida, o impulso <strong>de</strong> olhálo.Do mesmo modo executo o impulso <strong>de</strong> inclinar-me, <strong>de</strong> tocar asua mão (o que Grotowski faz é quase imperceptível), mas não ofaço parecer plenamente uma ação (...) Mas não a exteriorizo.Agora caminho, caminho,... mas permaneço na minha ca<strong>de</strong>ira. Ésomente assim que se po<strong>de</strong> treinar as ações físicas. Mas há mais;as vossas ações físicas serão assimiladas ainda mais pela vossanatureza se treinarem os impulsos, não as ações. Po<strong>de</strong>mos dizerque a ação física quase nasceu, mas ainda é bloqueada, e assim,no nosso dizer, estamos ¨impostando¨ uma reação justa, assimcomo se imposta a voz. (1)_______________________1. RICHARDS, 1993: 94 upud BONFITTO, 2007: 74.
114Brincando <strong>de</strong> ¨pensar o texto¨ na imobilida<strong>de</strong>, fui experimentandooutras palavras, outras sentenças: ¨Idiota¨ ao invés <strong>de</strong> ¨Valmont¨, ¨Olha ahora¨ no lugar <strong>de</strong> ¨Não conseguirá mais inflamar meu coração¨. Experimenteio revesamento entre estas ¨sentenças inventadas¨ e as sentenças do textodado.Na medida em que a ativida<strong>de</strong> interna era mantida, as novassentenças eram escolhidas para a subpartitura (na medida em que ¨melevavam¨ da mesma maneira que o texto ¨me levava¨). Se a ativida<strong>de</strong> internadiminuia, eram imediatamente substituídas. Outras eram experimentadas epartiturizadas em seu lugar. De maneira que o procedimento resultou em umenca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> sentenças, intercaladas, em <strong>de</strong>terminada or<strong>de</strong>m, aostrechos do texto-dado. <strong>Um</strong>a ¨estrutura rítmica¨ <strong>de</strong> revesamento entre doiselementos. As ¨palavras inventadas¨ não po<strong>de</strong>riam ser enunciadas: era aregra. Isto traria implicações pois é com esta palavra que me envolvo (é elaque entra em foco antes <strong>de</strong> ser ¨substituída¨ pela sentença do texto-dado).<strong>TEXTO</strong> INVENTADO<strong>TEXTO</strong> ENUNCIADOIdiota!ValmontNós somos terríveis!(Pausa)É a minha chance!Eu dava por acabada essa sua paixão por mim.Interesseiro!Qual a origem <strong>de</strong>sse repentino recru<strong>de</strong>scer.Você não me engana!E com tanta força junenil.Olha a hora!Tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais porém. Não conseguirá inflamar meu coração. Nemainda mais uma vez. Nunca mais.Me perdoe, eu também errei!Não lhe digo isso sem pesar Valmont.