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APROPRIAÇÃO DE TEXTO: Um Jogo de Imagens - ECA-USP

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87Os assuntos se misturavam, as palavras associavam nossoscorpos em cena (sua ativida<strong>de</strong>, olhares, gestos, relações, ações já <strong>de</strong>cantas,<strong>de</strong>slocamentos). As associações evocavam novas imagens: a tristeza <strong>de</strong>Valmont, a crise moral por não querer matar a menina Volange, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>Merteuil sobre ele (ela o obrigava a matar). O objetivo passou <strong>de</strong> ¨utilizarValmont como instrumento <strong>de</strong> vingança¨ a ¨utilizar Valmont para matar¨. OValmont encenado por Merteuil era o ¨seu¨, <strong>de</strong>liciosamente perverso. Já oValmont do Reencontro entre Valmont e Merteuil era o ¨outro¨: questionava alibertinagem como profissão; tecia consi<strong>de</strong>rações sobre o vazio, o tempo, amorte; amava Turvel. Na Cena <strong>de</strong> Volange, este ¨outro¨ matava. Não era o¨instrumento¨ do gozo físico, portanto, mas da ¨morte <strong>de</strong>legada¨.Criei frases para a subpartitura (<strong>de</strong>scritas no capítulo 3) sem queesta construção imaginária situasse o foco. Apenas me concentrei nasustentação ¨interna¨: o ¨tônus interno fortalecido¨ na absorção da partitura.Coloquei em jogo ¨fazer gestos gran<strong>de</strong>s¨ e ¨ocupar o espaço¨. <strong>Um</strong> contextoapareceu como resultante do jogo com esta segunda modalida<strong>de</strong>. O corpose <strong>de</strong>slocou, o olhar foi direcionado para cada lugar <strong>de</strong>ixado vazio: Merteuildirecionava a fala para si mesma (o ¨seu¨ Valmont). <strong>Um</strong> enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong>ações físicas implicou a relação com ¨este¨ Valmont.A construção imaginária ¨Valmont como instrumento para matar¨não impediu outras inscrições no corpo. A imagem ¨mão em garra¨, porexemplo, evocava outras construções. ¨Deixa eu sonhar¨ (subpartitura)associava enleio e encantamento (e mesmo a ¨infantilida<strong>de</strong>¨). O repertório foiinscrito em função da estrutura <strong>de</strong> regras e não da articulação imaginária, <strong>de</strong>

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