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DIÁRIO - Câmara dos Deputados

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19716 Sexta-feira 17 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Setembro de 1993-inchador de cidades e de metrópoles, para favorecer exatamenteaqueles que não vivem do campo, mas que, em nomedo campo, iam buscar as suas reservas profundamente ilícitase indecorosas para subsidiar seus lucros e multiplicar suasriquezas.Argemiro Figueiredo, em 1960, quando se criava a Sudene,já-dizia que o problema do Nordeste era um problemaa ser resolvido sem dificuldades; bastaria, Sr. Presidente, Srs.Prefeitos, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, que se armazenassem as águas ese promovessem uma irrigação planificada, dando condiçõesde eletrificação às populações ribeirinhas. O exemplo dissoé Petrolina, no alto Sertão pernanbucano, nos ·limites coma igual e adusta região baiana, que produz uvas, maçãs, bananas,laranjas, e safras repetidas de tudo no mesmo ano.Não há novidade, Presidente e amigo. A grande novidadeé a discriminação violenta, odiosa, antifraterna e anticristãque segmentos pouco esclareci<strong>dos</strong> da condição política destaNação tentam impor como sacrifício ou como angústia terrificanteaos nossos companheiros e irmãos nordestinos.Somos uma bancada fortíssima, cordial, digna e verticalna conduta, no comportamento social e no trato com os cole-ogas. Mas perderemos, de repente, toda essa nossa vocação,que se assemelha ao plano de Deus e que é exemplificadanas lições de Cristo, no momento em que, outra vez, poruma manobra dissimulada de qualquer sorte, se tentar imporao nordestino a condição de pedinte e a humilhação de precisarpedir. Não deveríamos precisar pedir. Se hoje estamos reduzi<strong>dos</strong>à condição de indigência não é por falta de um braçoforte paracultivar a terra que, corno dizia o escrivão da esquadra,"é boa e, em se plantando, tudo dá".Mas não podemos combater a natureza. A natureza nosnegou a chuva mas nos deu solo fértil e fecundo para plantarmose dele tirarmos nossas riquezas se os Governos se conscientizaremde que dois Brasis não é possível e o Brasil únicosó não existirá se dentro dele não estiver o Nordeste. (Palmas.)O SR. PRESIDENTE (Deputado Wilson Campos) - Emhomenagem ao Deputado Luiz Girão. autor do requerimentopara transformar esta sessão em Comissão Geral, concedo-lhea palavra.O SR. DEPUTADOLUlZ GIRÃO - Caro Presidenteda Mesa, Deputado Wilson Campos, caro Deputado porSantaCatarina, Dejandir Dalpasquale, demais companheiros integrantesda Mesa. Srs. Prefeitos do Estado do Ceará e <strong>dos</strong>demais Esta<strong>dos</strong> do Nordeste, minhas senhoras, meus senhores,companheiros Parlamentares, aguardei o final desta sessãoaberta porque esperava que aqui nesta Casa, hoje, fôssemosdebater com os companheiros de to<strong>dos</strong> os Esta<strong>dos</strong>, do Amapáou do Rio Grande do Sul, os problemas do Nordeste brasileiro.Desde o dia que cheguei nesta Casa, há mais de doisanos, desde o meu primeiro discurso neste plenário, no horáriodestinado ao Grande Expediente, sobre as desigualdades regionaisque tomam conta deste País, senti, honestamente,que não contava com o apoio <strong>dos</strong> companheiros Parlamentaresde outras regiões.Não entendo por que a mídia nacional, irresponsavelmente,tem abordado a questão nordestina como se no Nordeste,hoje, existíssem os mesmos políticos que ~xistiam há50 anos. Tudo mudou! Mudou a bancada nordestma, mudouo povo nordestino. É preciso entender que hoje, no Nordeste,há políticos sérios que querem resolver os problemas da suaregião e sabem que não podem solucioná-los se não contaremcom os companheiros das outras regiões. Ou convence~oso resto do País de que o problema do Nordeste é acima detudo um problema do Brasil, ou iremos, mais cedo ou maistarde, estimular' esse sentimento separatista que toma contado País.Foi dito aqui' pelo Deputado Antônio <strong>dos</strong> Santos queum companheiro meu, do meu partido, o Governador AlceuCollares, chegou a dizer que a culpa <strong>dos</strong> desacertos do RioGrande do Sul era do nordestino. É comum hoje, mandarnordestinos de volta para o Ceará, para a Bahia, para o RioGrande do Norte, para a Paraíba. O próprio Governadordo Distrito Federal faz isso: manda-o de volta, cometendouma injustiça e acima de tudo demonstrando ingratidão comaquele povo que construiu Brasília - e não só Brasília, mastambém a riqueza de São Paulo.Eu poderia, aqui e agora, insultar os paulistas e os gaúchos,porque a roubalheira que aconteceu no Brasil, que euconheço, aconteceu muito mais em São Paulo, Santa Catarinae no Rio Grande do Sul do que no Nordeste.Eu poderia dizer que a Nação brasileira pagou para queos paulistas arrancassem e queimassem os seus cafezais. Poderiadizer também, desta tribuna, que foi a Nação brasileiracomo um todo que pagou a sem-vergonhice do gaúcho decolocar adubo onde não havia solo. (Palmas.) Poderia dizertudo isso, mas não quero acirrar os ânimos.Queremos dizer que o povo do Nordeste pede apoio paraum e 'tudo sério do seu problema. Queremos que os Deputa<strong>dos</strong>venham discutir o problema nordestino, como fez oDeputado Adilson Maluf, mesmo apresentando um projetoque não é bom para o Nord~ste. S. Ex~ não conhece a realidadedaquela região, mas teme a dignidade de tentar ajudar. S.Ex~ diz que se pode resolver o problema do semi-árido, porexemplo, cavando poços profun<strong>dos</strong>, aqueles mesmos que, irresponsavelmente,o Presidente Itamar Franco mandou pararde construir dizendo que só se faz poço profundo para roubar.Mesmo hoje, o que falta neste País são informações.A maior parte <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> Federais não conhece os problemasdo Nordeste. Fiz um estudo e concluí que 90% <strong>dos</strong> meuscompanheiros desta Casa, não por maldade, mas porque têmoutras obrigações, não conhecem a miséria existente, porexemplo, em Madalena, em Jucás, em Cariús, em Quixeramobim,em Quixadá, nunca foram ao Sergipe, à Bahia, aoMaranhão. Conheço o Nordeste todo, do Maranhão à Bahia,até por exigência da minha profissão.Tenho certeza de que esta sessão não representou aquiloque os senhores esperavam mas, para mim, representou muito,porque ficará escrito nos anais desta Casa que, pela primeiravez, suas portas se abriram para se tentar discutir aquios problemas da seca no Nordeste. Podemos não ter chegadoa conclusão alguma, porque os companheiros Parlamentaresde outros Esta<strong>dos</strong> praticamente aqui não vieram, sequer paracriticar os desonestos do Nordeste.Queríamos aproveitar para falar <strong>dos</strong> Prefeitos ladrõese do dinheiro que é desviado, mas queríamos que as pessoasaqui estivessem, para ver se, do lado de lá, continuariamdizendo que não se pode mandar dinheiro para o Nordesteporque o Nordeste é um poço sem fim. Queríamos ter odireito de discutir nesta Casa, e tenho certeza de que, discutindo,podemos tentar convencer a Nação brasileira de queo Nordeste não pode continuar, neste país chamado Brasil,com uma economia praticamente zero.Meus senhores, tenho certeza de que esta sessão foi ummarço importante. Ficará registrada nesta Casa. Recortareidiscurso por discurso. Aliás, faço isto desde que cheguei a

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