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DIÁRIO - Câmara dos Deputados

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19694 Sexta-feira 17 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Setembro de 199:permaneceria, para que o Nordeste não fone mais acusadode pedinte ou de desviador de recursos. É preciso que tenhamoscoragem. E preciso que, neste momento, assu.amosuma postura de indignação, para resolver os graves problemasda região. E não tenhamos medo de defender o Nordeste!Há pessoas com medo de defender o Nordeste, temendo queô Sul do País ou outras regiões critiquem nossas ações. Épreciso que tenhamos coragem de assumir propostas clarase objetivas e de dizer para todo o Pais que somos capazesde solucionar nossos problemas. Mas é preciso redirecionaras politicas públicas.Quero fazer uma critica com toda a veemência. Os trabalhadoresrurais, no início da Nova República, participavamdoConselho Deliberativo da Sudene, ajudando a discutir essaspolíticas, e foram excluí<strong>dos</strong> exatamente porque criticavamas adotadas na região. O Deputado Waldir Pires lembra-se,como Governador que foi, da nossa participação naquele Conselho.Pois bem, retiraram-nos, literalmente, para que nãocriticássemos mais as políticas adotadas na região.Na visão <strong>dos</strong> trabalhadores rurais, nada foi tão perversopara o Nordeste quanto o Finor agropecuário. O Finor podeter servido muito bem para os setores industrial, hoteleiroe turistico, mas foi danoso, no campo da agricultura, paraos trabalhadores e o desenvolvimento da região. A sua implan-. tação começou por expulsar aqueles que ocupavam a terra,para depois supostamente gerar empregos.Sei que este não é o momento de tecer criticas, poisprecisamos solucionar o grave problema das crises. No entanto,sioexatamenteestes os momentos que devemos aproveitarpara criticar as politicas equivocadas para a região. Não podemosmais elaborar projetos agropecuários sem garantia deempregos.Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, participeidaquele Conselho. Noventa por cento <strong>dos</strong> projetos criavamno máximo 20% de empregos permanentes; os 80% restanteseram temporários, sem garantia efetiva. Com certeza, essanão é uma política adequada para a região. As políticas precisamser rediscutidas e redirecionadas.Mesmo nos perio<strong>dos</strong> de chuva a população vive miseravelmente.Por isso, faz-se necessária uma política agrícola ade·quada para a região, de acordo com a capacidade de respostada terra nordestina. Não se pode tratar o Nordeste de modoigual às Regiões Sul e Centro-Oeste do País. Ali as terrasexigem tratamento diferenciado, pela sua própria natureza.Sr. Presidente, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, espero que este momentonão seja apenas para cobrar e exigir providências do GovernoFederal, e quero perguntar por que os governadores não estãoaqui. Juntos, os Governos Federal e estadual poderiam encontraras medidas concretas para resolver o grave problemade agora. Não é aceitável que se continue admitindo um programaemergencial que atenda a apenas 1 milhão e 200 milpessoas inscritas, que recebem meio salário mínimo. Será quealgum cidadão aqui teria corqemde passar quinze dias comigono sertão, recebendo apenas meio salário mínimo e depoisde 15 dias, não antes? Vamos para lá sozinhos, sem nadalevar de casa; vamos ficar 00 sertão nordestino e, depois de15 dias, receber meio saUrio mínimo. Quantos agüentariam?Pois bem, estio eupndo que o homem trabalhe ganhandomeio salário mínimo!Sr. Presidente, queremos provar que não estamos pedindoesmola. Somos trabalhadores produtivos, que sempre nos'sustentamos com nossos próprios meios. Estamos exigindo,isto sim, que os Governos Federal e Estadual aumentem asvagas neste momento. E não Iaá resposta alguma. O GovernoFederal foi enfático ao dizer-me na semana passada, dia 1~precisamente, através do Ministro da Fazenda: Não tenhonem um centavo a mais, só posso garantir apenas 1 milhãoe 200 até dezembro. O restante tem que ser por conta <strong>dos</strong>Prefeitos ou <strong>dos</strong> Governadores.Por isso, digo que temos que discutir agora uma alternativocom os Governadores e Prefeitos. O governo Federalvai ter que assumir mais? E nesta questão, Srs. Deputa<strong>dos</strong>,Srs. Prefeitos, não podemos aceitar pacificamente mais outracentena de milhões de pessoas que morrem à mingua, semnenhuma reação mais forte para resolver essa questão.É preciso que a sociedade brasileira, principalmente asociedade nordestina, aumente a sua indignação, não fiqueapenas no discurso e parta para tentar resolver o problemaagora, para que, no ano que vem, alguns de nós não tenhamosde ir às praças públicas pedir votos a esse povo faminto. Precisamosagir agora, objetivamente, para garanti-lo vivo. Ouvamos querer que essa população saia pelas ruas faminta,miserável, mendiga para o resto da vida e tenhamos de fazercampanha nacional contra a fome, pedindo alimentos? Quantosagüentarão dar do seu bolso alimento para sustentar, durantemuito tempo, milhões e milhões de famintos neste País?Famintos hoje, mas ontem trabalhadores que produziam seualimento, mantinham a sua própria casa.Encerro dizendo algumas palavras rápidas de quem falacom certa indignação não porque nordestino, mas porqueresponsável. E, como Presidente da Confederação <strong>dos</strong> Trabalhadoresna Agricultura, tenho a obrigação de defender meupovo, meus companheiros trabalhadores.Espero que esta reunião não sirva apenas como uma lamentaçãoou como uma homenagem à seca, mas para queas classes política, empresarial e <strong>dos</strong> trabalhadores nordestinosse unam para garantir uma solução rápida para os gravesproblemas do Nordeste, de modo a que nunca mais precisemosrealizar uma sessão para ficarmos lamentando os problemasdo Nordeste. (Palmas.)O SR. PRESIDENTE (Deputado Adylson Motta) - C~nvidoa ocupar a tribuna o Dr. Leonides Alves, Diretor dePlanejamento Global da Sudene, que dispõe de dez minutospara a sua manifestação.O SR. LEONIDES ALVES - Sr. Presidente desta sessão,Deputado Adylson Motta, Sr. Ministro do Bem-Estar Social,Jutahy Magalhães Júnior, Sr. Presidente daComissão Especialda Seca, Deputado José Carlos Vasconcellos, Sr. Relatror,Deputado Pinheiro Landim, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, Sr. Presidentedo Banco do Nordeste, João Alves, Srs. Senadores, meussenhores, minhas senhoras, o Superintendente da Sudene CássioCunha Lima, que deveria estar aqui nesta manhã, nãopóde participar desta sessão porque está recuperando-se deuma virose que o tirou do trabalho por quase uma semanae também por outras razóes. Decidiu então indicar para estarpresente o seu Diretor de Planejamento Global, que tem trintaanos de Sudene e também é responsável pela elaboração doPléUlO de Ação Governamental, em fase de negociação.Recebi a recomendação de conversar com absoluta franqueza,mostrando o que está acontecendo e o que poderáser decidido nesta manhã para auxiliar na rapidez do processooperacional. Creio não ser necessário citar da<strong>dos</strong> sobre o Nordeste;to<strong>dos</strong> os conhecem, e alguns já foram apresenta<strong>dos</strong>.É bom que fique claro apenas que a economia regional tem

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