19760 Sexta-feira 17 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Setembro de 1993lançamento de qualquer candidatura. De qualquer modo, repito,jamais usaria termos como aqueles.Portanto, registro estes esclarecimentos para conhecimentode to<strong>dos</strong> os colegas de bancada, na Câmara e no Senado,da Diretoria Executiva do partido, <strong>dos</strong> membros <strong>dos</strong> Diretorios,enfim, de to<strong>dos</strong> os.companheiros. Tenho o maior respeitopela pessoa do ex-Governador Álvaro Dias, com quemtenho convivido harmonicamente na direção do partido. Estranhamosaquela versão e não sabemos sua origem. Solicitamosentão que, doravante, diante de qualquer informação,a imprensa nos ouça pessoalmente e não se baseie em emissários,em pessoas que querem semear discórdia e desentendimento.Era o que tinha a dizer.O SR. PRESIDENTE (Paulo Delgado) -o Deputado Aldo Rebelo, pelo PC do B.Tem a palavraO SR. ALDO REBELO (PC do B - SP. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Sr·' e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, venhoà tribuna abordar um tema de grande importância na vida<strong>dos</strong> povos e nas relações internacionais, uma vez que a constituiçãode uma potência militar agressiva como os Esta<strong>dos</strong>Uni<strong>dos</strong> tem causado transtornos e insegurança em vários continentes.E cito o nosso País, com as recentes manobras emnossas fronteiras, denunciadas pelo ex-Presidente da RepúblicaJosé Sarney.Refiro-me às pressões exercidas pelos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>sobre o povo líbio. Há alguns anos supostos terroristas dt:rrubaramum avisão de passageiros que sobrevoava a Escócia.Imediatamente o serviço de segurança da Inglaterra acusoudois cidadãos líbios por este ato de terror e exigiu que essesindivíduos fossem extradita<strong>dos</strong> da Líbia para serem julga<strong>dos</strong>na Inglaterra. A Líbia e vários órgãos de imprensa fizeraminvestigações a respeito do fato, e uma revista norte-americana,a "Time", chegou à conclusão de que os dois líbiosnão eram os culpa<strong>dos</strong>. O referido ato poderia ter sido praticadopor dois cidadãos sírios, inclusive liga<strong>dos</strong> à CIA e aonarcotráfico. No entanto, a Organização das Nações Unidasadotou algumas resoluções contra a Líbia, entre elas e proibiçãode vôos internacionais. Nos dias de hoje, diplomatas eministros de Estado daquele país têm de se deslocar de automóvelaté um país vizinho para de lá alcançarem as demaisnações. Em uma dessas viagens faleceu, em um acidente,um ministro de Estado da Líbia.Além dessa, há outra sanção, ou seja, a de diminuir arepresentação diplomática da Líbia em vários países, o queaconteceu também no Brasil. Outra resolução proíbe a exportaçãode peças de avião para Líbia. Por isso, um avião líbiocaiu, em dezembro passado, matando 153 passageiros civis.A Líbia, naturalmente, nega-se a entregar seus dois cidadãos,uma vez que não há prova de que eles são culpa<strong>dos</strong>pelo ato condenável de terrorismo que derrubou um aviãosobre a Escócia.E nós, Sr. Presidente, estamos nesta tribuna para protestarcontra as pressões <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, da Inglaterrae da França contra o povo líbio, uma vez que não reconhecemosnesses países particularmente nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>; autoridadepara exercer esse tipo de pressão. Inicialmente serianecessário que o Governo da Inglaterra extraditasse to<strong>dos</strong>os descendentes <strong>dos</strong> colonizadores, <strong>dos</strong> assassinos, daquelesque saquearam povos nos vários continentes. A Inglaterraçolonizou..a África, parte da América; cometeu chacinas naIndia, na Africa, em to<strong>dos</strong> os continentes, condecorou piratasque salteavam portos, como o pirata Drake, que salteou oPorto de Santos; e nunca pagou indenização nem teve jamaisum <strong>dos</strong> seus criminosos julga<strong>dos</strong> pelos povos que foram vítimasde seus crimes.Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, Sr. Presidente, cujo povo tem tradiçãonas lutas libertárias, têm tido sucessivos governos de assassinose de criminosos. Quantos cidadãos norte-americanosforam julga<strong>dos</strong> no Vietnã por terem bombardeado populaçõescivis, hospitais, escolas, aldeias e cidades, por terem cometidochacinas como a de May Lay? O Tenente Collin PoweIl éhoje um funcionário aposentado. Nunca foi julgado por terassassinado crianças, velhos e civis nas aldeias vietnamitas.Pergunto, Sr. Presidente: e o caso da França? Muito atualé o filme "Indochina". Quantos crimes foram cometi<strong>dos</strong> noscontinentes por essas nações agressivas, imperialistas, quenunca se deram ao trabalho sequer de fazer uma penitênciapelos crimes cometi<strong>dos</strong>?O povo líbio tem grandes tradições no passado. Ali éo berço da civilização. Iraque, Líbia e os povos da Mesopotâmiaresistiram, Sr. Presidente, ao Império Romano, aosataques das nações gregas, à colonização italiana, e haverãode resistir, porque terão a solidariedade <strong>dos</strong> povos, aos ataquesque sofrem atualmente. .Fazemos essa denúncia porque podem agravar-se as sançõesimpostas pelas grandes potências militares e pela própriaOrganização das Nações Unidas contra essas nações. Houvêinclusive advertência no sentido de que após e destruiçãodo Iraque se visava à destruição da Líbia, por interesse <strong>dos</strong>Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> naquela área tão rica em petróleo.Fazemos este registro e este protesto, Sr. Presidente,por não vermos al\toridade na Organização das Nações Unidas,que silenciou diante do ataque que os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>promoveram no Panamá e que silencia até hoje quanto aofato de Israel massacrar sucessivamente populações civis nosul do Líbano e na Palestina ocupada. A ONU silencia sobretudo isso. Uma organização constituída para promover a paz,o bem-estar e a compreensão entre os povos se transformou,como no caso da Somália, numa organização que promoveaguerra e a matança de população civis.Segundo um jornalista norte-americano, na Somália atéagora foram gastos 100 milhões de dólares em alimentos emais de 1 bilhão de dólares em armamentos.Gostaria, finalmente, de pedir a V. Ex., Sr. Presidente,a transcrição, nos Anais da Casa, do texto da proposta líbiaapresentada ao Secretário-Geral da ONU. Quero tambémdeixar claro que o meu partido condena qualquer ato de terrorismo,seja de que País for. Acho que neste caso a agressãoparte <strong>dos</strong> países que não respeitam a soberania <strong>dos</strong> povos.Sr. Presidente, também peço a transcrição de texto queesclarece a posição da Líbia a respeito da resolução do Conselhode Segurança da Organização das Nações Unidas.MATÉRIAS A QUE SE REFERE O ORADOR:TEXTO DA PROPOSTA LÍBIA APRESENTADAAO SECRETÁRIO-GERAL DA ONUPartindo da responsabilidade histórica de vanguarda daRevolução 1 9 de Setembro, a fim de buscar soluções paramuitos problemas e causas que preocupam a humanidade,do Livro Verde, o qual ninguém no mundo ignora ser umaprova da libertação <strong>dos</strong> povos da pressão, exploração e ignorânciae sentindo o perigo que o terrorismo internacional representaà paz e à segurança mundial, vem esta iniciativade se realizar uma sessão especial da Assembléia Geral da
Setembro de 1993 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Sexta-feira 1719761ONU para alcançar: o conhecimento do terrorismo internacionale em seguida eliminá-lo, eliminando também to<strong>dos</strong>os fatores que levam a todas as formas de terrorismo e violênciasofri<strong>dos</strong> pelo mundo, além de selecionar uma gama decausas perigosas que preocupam todas as nações, pois, dentrodessa sessão, a sociedade internacional conseguirá, de formasolidária, tratar todas as razões e fatores do terrorismo internacionale ao mesmo tempo eliminá-lo, a fim de criar um climamundial seguro, onde to<strong>dos</strong> os povos poderão viver em paz,segurança e felicidade dentro de práticas reais da Carta daONU.Entre os fatores que espalham a violência no mundo,está a falta de soluções de várias causas políticas, conformedito no Anexo "A".Outras causas deverão ser tratadas, pois eliminá-las significaeliminar o terrorismo, porque se eliminar essas causas,o mundo continuará num estado de instabilidade, medo eameaça. Entre esses fatores estão:1 9 As armas de destruição total e as armas ofensivasestratégicas.Possuindo essas armas e ameaçando usá-las representauma forma perigosa do terrorismo contra a humanidade econtra os próprios donos das armas.Por isto propomos a necessidade d", se chegar a um acordoa fim de se estabelecer uma agenda de perío<strong>dos</strong> defini<strong>dos</strong>para a realização do seguinte:- Destruir totalmente as armas nucleares, bactenológicase químicas, porconsiderá-las armas ameaçadoras psicologicamentee destruidoras materialmente.- Proibir e condenar a sua fabricação, possuindo-as eusando-as.- Destruir as outras armas de terrorismo, como os mísseisplásticos e proibir a sua fabricação.- Proibir e condenar a existência das frotas militaresnos mares e permitir a sua existência nos oceanos até chegaro momento de acabar definitivamente com essas frotas.- Destruir, proibir e condenar a fabricação <strong>dos</strong> porta-aviõese reabastecedores de combustível no ar.- Possuir somente as armas defem,vas dentro das águasterritoriais e do espaço aéreo de cada país.- Para concretizar isso, serão eliminadas todas as basesmilitares existentes em outros países e retira<strong>dos</strong> os exércitos)estrangeiros <strong>dos</strong> territórios de outros países.2 9 A indenização.- Indenizar os povos que foram coloniza<strong>dos</strong> e sofrerammatanças e aniquilação por parte de seus colonizadores e tambémindenizar as famílias das pessoas que sofreram danoscausa<strong>dos</strong> pelos atos de agressões, cheios de pressõesinjustiças,ódio e vingança, considera<strong>dos</strong> fatores do terrorismo internacional.- Indenizar os povos pelo tempo da colonização, sendo'que os países colonizadores deverão pagar uma indenizaçãojusta pelos danos, roubos <strong>dos</strong> recursos financeiros e culturaisque os povos sofreram durante o período da colonização.- Indenizar os povos, famílias e indivíduos que foramvítimas do terrorismo e da violência, conforme o Anexo "B".- Intensificar a segurança <strong>dos</strong> aviões e a necessidadeda existência de uma equipe médica a bordo de cada vôoe de cada viagem marítima.3 9 Os refugia<strong>dos</strong>, exila<strong>dos</strong> e seqüestra<strong>dos</strong>.- A existência desses grupos fez com que se espalhassemos atos de violência e de terrorismo em nome de várias justificativasbilaterais entre seus países e os países que os protegerame os utilizaram. Por isso, to<strong>dos</strong> os países deverão garantira volta <strong>dos</strong> exila<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong> refugia<strong>dos</strong> à sua origem, semprejudicá-los e ajudando-os a se estabelecerem.- Libertar os seqüestra<strong>dos</strong> e presos, entregando to<strong>dos</strong>os procura<strong>dos</strong> pela polícia internacional.4 9 A revisão da Carta da ONU.- Assumir a responsabilidade de preservar a paz e asegurança internacional é um caso muito importante, poisa participação da grande maioria nesta tarefa séria levaráà eliminação do terrorismo e intensificará a estabilidade ea segurança mundial. Isto não será realizado só com a reformada Carta da ONU da seguinte forma:A - Ceder à Assembléia Geral da ONU, que representato<strong>dos</strong> os membros, a autoridade de emitir a decisão e aoConselho da Segurança da ONU, a execução das decisõesda Assembléia Geral.B - Rever o quadro da Corte Internacional da Justiça.C - Rever a questão <strong>dos</strong> membros do Conselho da ONUe o direito do veto.59 Os assuntos econômicos e sociais.- Alcançar um mundo onde reinem a estabilidade e aprosperidade e realizar uma sociedade feliz e participante quebusca a estabilidade e a segurança.- Arrancar as raízes do terrorismo internacional é umtema de grande importância para a felicidade da raça humanae exige a execução do seguinte plano:- Se compromete a efetuar um acordo internacional quevise ao bem-estar e à proteção das mães e das crianças.- Proibir todas as formas de violência, o boxe, as lutaslivres de to<strong>dos</strong> os tipos e também os atos de violência contraos animais, como, por exemplo, as competições cansativas.- Determinar o combate das doenças perigosas comocâncer, malária, aids, paralisia infantil e outras, conformeo Anexo "C".- Combater e tratar o problema do uso do vereno branco"droga".- Cumprir os acor<strong>dos</strong> internacionais no âmbito da preservaçãodo meio ambiente e buscar um acordo sério paraproteger a camada de ozônio.- Estabelecer um sistema de irrigação internacional queevite jorrar a àgua <strong>dos</strong> rios e das chuvas em direção aos oceanose distribua esta água na terra.- Combater a poluição das águas e <strong>dos</strong> mares com menorescustos.- Eliminar as pragas no campo da agricultura, principalmenteo gafanhoto.- Combater o avanço do deserto.- Aproveitar a energia solar.6 9 Criar um fundo de financiamento.- Esta proposta histórica procura criar um fundo de financiamentoligado à Assembléia Geral da ONU com participaçãode to<strong>dos</strong> os países, conforme a possibilidade de cadapaís, para cobrir as obrigações acima citadas.7 9 Criar uma Comissão Central Internacional, pertencenteà ONU, que possuirá sub-comissões, abrangendo todaparte do mundo onde tenham autoridade e possibilidades necessáriaspara fiscalizar e executar o que foi dito anteriormente.Com nossa elevada estima e consideração. - IbrahimMohamad AI·Bichari - Secretário do Comitê Popular da LigaçãoExterna e Cooperação Internacional.