19724 Sexta-feira 17 DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I) Setembro de 1993HALEY MÃRGONLAZARO BARBOSALUCIA VANIALUIZ SOYERMARIA VALADAOMAURO BORGESPAULO MANDARINOPEDRO ABRAOROBERTO BALESTRAVIRMONDES CRUVINELZE GOMES DA ROCHAELISIO CURVOFLAVIO DERZIJOSE ELIASMARILU GUIMARAESWALDIR GUERRAMATO GROSSO DOPARANAANTONIO BARBARAWILSON MOREIRAANGELA AMINSANTA CATARINASULRIO GRANDE DO SULNELSON PROENÇA_AUGUSTO CARVALHOBENEDITO DOMINGOSCHICO VIGILANTEJOFRAN FREJATOSORIO ADRIANOSIGMARINGA SEIXASDISTRITO FEDERALGOlASANTONIO FALEIROSI -ABERTURA DA SESSÃOPMDBPMDBPPPMDBPPRPPPPRPPPPRPMDBPRNPRNPPBLOCOBLOCOBLOCOPMDBPSDBPPRPMDB;PCBPPPTBLOCOBLOCOPSDBPSDBo SR. PRESIDENTE (Adylson Motta) - A lista de presençaregistra o comparecimento de 260 Senhores Deputa<strong>dos</strong>.Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus, e em nome do Povo Brasileiro,iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessãoanterior.11 - LEITURA DA ATAO SR. CARLOS LUPI, servindo como2 9 Secretário,procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qualé, sem observações, aprovada.O SR. PRESIDENTE (Adylson Motta) -à leitura do expediente.Não há expediente a ser lido.In - EXPEDIENTEO SR. PRESIDENTE (Adylson Motta) -IV -PEQUENO EXPEDIENTETem a palavra o Sr. Simão Sessim.Passa-sePassa-se aoO SR. SIMÃO SESSIM (Bloco Parlamentar - RJ. Pronunciao seguinte discurso.) - O dia 13 de setembro ficarána História mundial como uma das mais memoráveis datas,a ser relembrada em qualquer quadrante do globo onde seencontre um amante da paz.O que o mundo inteiro testemunhou não será esquecidojamais - tenho certeza - ou, se menosprezado o 13 de setembrode 1993, certamente o será por surgirem outras datasainda mais significativas, como é certo que surgirão, em conseqüênciadesta.Pois, o aperto de mãos entre Yasser Arafat e ItzhakRabin selou apenas um primeiro compromisso - porém, omais importante - de deflagrarem, juntos, todo um longo,ainda que árduo, processo que leve ao Oriente Médio e aseus habitantes a paz diariamente desejada e, do mesmo modo,diariamente negada.A História dessa região caracteriza-se por uma irônicaseqüência de apelos à paz, precedi<strong>dos</strong> ou segui<strong>dos</strong> de guerrasem nome do direito de se viver em paz nesse pedaço de terra.Tantas vezes palco de um prolixo drama, no qual os personagenstêm que derramar o seu sangue para que consigam sobreviveros seus semelhantes e os seus descendentes, prepara-separa ver nele encenado um novo ato, cujo enredo difere totalmentede tudo o que lá já se representou.Rabin e Arafat pretendem agora mudar drasticamentea trama dessa angustiante tragédia para trazerem às futurasgerações de israelenses e palestinos a esperança de uma convivênciaharmoniosa e pacífica, mutuamente vantajosa.Trata-se, como disse, de um processo longo e árduo paraambas as partes, mas cujo futuro promissor já se pode vislumbrarhoje. Bastaria o sangue poupado para definir esse acordocomo marco maior da História da HUIllanidade; de acréscimo,vem a prosperidade e o bem-estar material resultante da cooperaçãomultilateral que trará a paz.Penso não só nos palestinos de Gaza e Jericó e nos israelenses,mas, muito além, nos judeus e árabes como um todo,e, principalmente, nos países árabes da região afeta<strong>dos</strong> ouenvolvi<strong>dos</strong> no conflito global. A paz entre israelenses e pales:inos - não há dúvida - dará novos contornos à crise doLíbano, por exemplo, ao levar esperanças de acordo e convivênciaentre os libaneses, tão irmana<strong>dos</strong> aos palestinos e comprometi<strong>dos</strong>com sua causa.
Pode,'á ser o ponto de partida para que se chegue a umtermo sob;'e a fronteira norte de Israel, sul do Líbano, sema 'lecessidade de zonas neutras, ditas "de segurança", unHaterai;..,enteJeclaradas, não aceitas internacionalmente, que, menosque garantir segurança aos dois países, comprometema vida de seus habitantes e denunciam uma triste animosidadeentre eles.É este, portanto, um tempo de regozijo, e é assim quedesejo unir-me aos povos palestino e israelense, congraçar-mecom árabes e judeus, nesta hora momentosa, para expressaros votos de uma paz justa, duradoura e benfazeja, e a alegriade ver dado o primeiro passo, firme e corajoso, em direçãoa ela.A hostilidade ancestral que difundiu o ódio entre essesdois povos, que a História ao mesmo tempo uniu e separou,ceifando tantas de suas preciosas vidas, pode agora transfoomar-seem verdadeira amizade, baseada na compreensão, respeitoe colaboração mútua.Será, sem dúvida, o início da realização da profecia bíblica,que, pela voz de Isaías, anuncia que "asnações converterãosuas espadas em ara<strong>dos</strong> e suas lanças em podadeiras" (Is.2.4). Aplaudo, portanto, os líderes da Organização para aLibertação da Palestina e do Estado de Israel, augurandoque esse trabalho inicial se desenvolva, frutifique, se expanda,para que reinem a justiça e a paz no sempre conturbado OrienteMédio.Seus nomes ficarão indelevelmente grava<strong>dos</strong> na História,serão eleva<strong>dos</strong> à glória <strong>dos</strong> homens de boa vontade, e serãochama<strong>dos</strong> de justos, porfomentarem a paz, pois, como declarao Salmista, "o justo floresce como a palmeira na plenitudeda força e como o cedro do Líbano". E justos são os quedemonstram a coragem de romper com o ódio destruidorpara encetar a paz construtiva.o SR. PAULO DUARTE (PPR- SC. Pronuncia o seguintediscurso.) - Sr. Presidente, Sr'S e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, acabode receber em meu gabinete o desabafo de um cidadão brasileiroao qual tributo a desesperança e o descrédito que, infelizmente,norteiam as pessoas hoje.Trata-se de um pai de família, trabalhador dedicado que,na qualidade de representante comercial, é obrigado a assistirà corrosão violenta <strong>dos</strong> seus recursos. E, nesta quadra lamentávelda vida, num gesto corajoso, levanta um chamamentoà consciência nacional e tenta sensibilizar as autoridades doExecutivo e Legislativo, retratando com clarividência e realismoa realidade que se vê obrigado a enfrentar o trabalhadorde um país desgovernado e dilapidado pela inflação verdadeirall).enteimoral.Em sua oração, esse cidadão descreve as chagas provocadasna famI1ia brasileira pela perda do valor do dinheiro,a cada instante vergonhosamente corroído. Não esquece asilusões e os sonhos de um povo, sem, contudo, deixar deregistrar que essa gente tem honradez e disposição para otrabalho.Uma sugestão contida no documento chamou minha atenção,pois trata-se de tema sobre o qual tenho reiteradas vezestoe manifestado desta tribuna e que acredito contribua comofator realmente alimenta<strong>dos</strong> da inflação: a privatização.Enquanto não se pogramar com seriedade e firme decisãoa privatização das estatais, haveremos de assistir ao crescimentoconstante <strong>dos</strong> gastos e jamais poderemos exigir a participaçãoda sociedade trabalhadora para o combate à inflação.DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)A" -- -Sexta-feira 17 19725Nesta oportunidade solidarizo-me com o pai indignadopel~ inoperância do Poder Público em exigir qualidade dee!lsmo e menor custo, e também desesperado, pois quandoVIsita o mercado da esquina encontra os produtos alimentíciostransforma<strong>dos</strong> em preciosidade <strong>dos</strong> inatingíveis.Finalizando, solicito a transcrição nos Anais desta Casado documento desse coestaduando que ainda não perdeu afé, mas que assiste desencantado ao futuro que se apresentapara seus filhos.DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORAPOR:Lages, SC, 7 de setembro de 1993exm? Sr. Itamar FrancoPresidente da República Federativa do BrasilBrasI1ia - DFExcelência:Parece inacreditável que Vossa equipe de Governo nãotenha conhecimento da caótica situação econômica e políticaque vive nossa Nação.Custa-me, como cidadão brasileiro, acreditar que pessoasaltamente esclarecidas como os componentes de seu Governovenham a público - Rádio, TV ou jornais - e não tenhamvergonha de dizer tantas mentiras.Custa-me, como pai, acreditar que seu Ministério sejatão incompetente a ponto de não ver que milhares de paiscomo eu têm que tirar filhos <strong>dos</strong> colégios por não poderempagar as mensalidades, ou quando é uma instituição públicaestá em greve.Custa-me, como homem, ver outros homens como eudizerem que o Governo gasta demais e nada acontece. Asprivatizações, o maior câncer desta Nação, acontece muitodevagar, quase parando. Bota incompetência nisso!Custa-me, como qualquer cidadão, ver a inflação a maisde 35% ao mês, as tarifas públicas subindo em níveis insuportáveis,os juros bancários um verdadeiro assalto à mão armada,a fome e o desespero de mais de 40 milhões de brasileiros,a saúde mais parecendo um circo de hororres, as rodoviasuma agressão a qualquer contribuinte - especialmente aBR-lOl, meu local de trabalho - e, finalmente, o malditosupermercado, onde parece que' a voracidade <strong>dos</strong> preços nãotêm e jamais terá qualquer limite.Um quadro realmente caótico, e diante de tudo isto vêmseus Ministros a público falar baboseiras que não acontecemou a nada levam. Até parece a Seleção Brasileira, jogandomal e desentrosada, gastando uma montanha de dinheiro commuita mordomia e altíssimos salários, pedindo para que atorcida aplauda. Pode!?Sou um cidadão simples. De meu tenho uma Caravam79, que uso para desenvolver minha atividade profissional;sou representante comercial e a duras penas divido um Apartamentocom o Bradesco (ele é sócio majoritário), num empréstimoque fiz para durar 25 anos. Sou casado há 27 anos coma mesma mulher. Juntos temos 3 filhos. O mais velho já naex-faculdade (não pude mais pagar). O do meio, no 2? Grau(a duras penas) e o menor cursando o primário (não sei atéquando). O mais velho, 25 anos, que deixou a Faculdadede Computação, procura emprego de auxiliar de escritórioou equivalente há mais de um ano.Este é o meu desabafo!Já não agüento mais!Não sei o que fazer!