04.04.2017 Views

01 - Melhor que chocolate

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>que</strong> eu sou um cara <strong>que</strong> não é muito inteligente, não é? É assim <strong>que</strong> você define inteligência?<br />

Como a capacidade de manter o controle sobre seis zeros depois de um número?<br />

Nove zeros, ela pensou. Conseguiu morder a língua antes de corrigi-lo. Era melhor assim.<br />

— E como você define inteligência?<br />

— A capacidade de reconhecer algo de valor quando você o vir — disse ele<br />

prontamente. — Ou prová-lo. Ou tocá-lo.<br />

Ela começou a enrubescer. Ele estaria falando sobre uma filosofia de vida, em termos<br />

gerais, ou sobre ela? Ela era algo de valor? Em um sentido não financeiro?<br />

Em seguida, novamente... Ela com certeza o provou e o tocou. Seu rubor aumentou,<br />

ficando quase da cor do casaco, quando se lembrou do gosto dele, de como era senti-lo.<br />

Talvez ele quisesse dizer <strong>que</strong> ele era algo de valor <strong>que</strong> ela deveria reconhecer pelo paladar e<br />

pelo tato.<br />

Isso seria apenas arrogância por parte dele, não? — Eu realmente reconheço o valor —<br />

disse ela, vacilando nas palavras. — É por isso <strong>que</strong> eu tenho invadido este lugar, tentando<br />

roubar suas receitas de <strong>chocolate</strong>.<br />

De <strong>chocolate</strong>. Não você.<br />

O <strong>que</strong> <strong>que</strong>r <strong>que</strong> fosse <strong>que</strong> ela desejasse conseguir com a<strong>que</strong>la sentença, ela podia contar<br />

como um fracasso, por<strong>que</strong>, visivelmente, ele quase perdera todas as suas emoções. As<br />

palavras apenas pareciam voltar para ele.<br />

— Ou posso conseguir <strong>que</strong> Domini<strong>que</strong> Richard me venda as receitas dele — ela<br />

acrescentou perversamente, forçando ainda mais uma cisão entre eles.<br />

A boca de Sylvain se abriu. — Diga-me uma coisa, então. Você transaria com Domini<strong>que</strong><br />

Richard por causa do <strong>chocolate</strong> dele, também?<br />

Não. Por<strong>que</strong> Domini<strong>que</strong> Richard tinha apenas boa aparência, nada mais do <strong>que</strong> isso. Ela<br />

não perdeu toda a capacidade de reflexão quando olhou para as mãos dele. Ou para a boca.<br />

Ele não era bonito, não tinha todo movimento perfeito.<br />

Mas ela não ia dizer isso a Sylvain Marquis. Especialmente não agora, quando o insulto<br />

dele se abrandara e o rubor dela desaparecera, deixando-a branca e fria e com aparência de<br />

doente. — Não <strong>que</strong>ro o seu <strong>chocolate</strong>. Não <strong>que</strong>ro você — sim, eu <strong>que</strong>ro, sim, eu <strong>que</strong>ro, ela<br />

gritou dentro de si. Cale-se, cale-se. — Eu retiro a oferta do contrato — ela mal conseguia se<br />

lembrar de como dizer aquilo em francês, mas disse do jeito <strong>que</strong> pôde. Tal situação havia<br />

aparecido em um dos livros didáticos sobre negócios <strong>que</strong> o seu professor apreciava, mas ela<br />

não dera muita atenção. Nunca passou pela cabeça <strong>que</strong> um dia viesse a precisar usar tal<br />

expressão.<br />

E havia outra coisa <strong>que</strong> ela nunca tinha aprendido a dizer em francês, então ela mudou<br />

para o inglês e mostrou os dentes para ele, dizendo: — Foda-se, Sylvain Marquis!<br />

Ela virou-se e saiu a passos largos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!