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Foi em direção à porta de vidro <strong>que</strong> dava para a rua.<br />
— Madame — disse uma jovem perto dela, uma sacola grande da cor de madeira natural<br />
estava ao seu lado, junto da caixa registradora, com o nome SYLVAIN MARQUIS estampado.<br />
A expressão dela — neutralidade protegida por uma convicção adjacente de superioridade —<br />
fez com <strong>que</strong> Cade quisesse beijá-la... — Seus <strong>chocolate</strong>s.<br />
Cade hesitou. Seu cartão de crédito parecia ser de arame farpado, doeu tanto pegá-lo e<br />
entregá-lo à vendedora.<br />
Ao olhar para trás, viu Sylvain Marquis observando-a pela vitrine, um canto de seus<br />
lábios finos contorcia-se de diversão, perturbação e reprovação.<br />
Apertou os dentes com tanta força <strong>que</strong> se surpreendeu por não <strong>que</strong>brá-los. Ele voltou ao<br />
trabalho, es<strong>que</strong>cendo-a.<br />
Sentiu a própria raiva incandescer.<br />
Assinou o recibo de pagamento, deduzindo quase mil dólares por cinco míseras caixas de<br />
<strong>chocolate</strong> e foi para a rua.<br />
Queria desesperadamente entrar de modo dramático em uma limusine, ou pelo menos<br />
caminhar em direção ao pôr do sol parisiense. Em vez disso, deu dez passos em direção à rua<br />
passando por uma porta verde-escura e entrando em um elevador tão pe<strong>que</strong>no <strong>que</strong> finalmente<br />
entendeu a verdadeira razão pela qual as mulheres francesas não engordavam.<br />
A sacola de <strong>chocolate</strong>s ficou apertada entre as pernas. O elevador rangeu ao subir seis<br />
andares. Ela entrou em um apartamento menor do <strong>que</strong> a metade do banheiro de sua casa, jogou<br />
a caixa de <strong>chocolate</strong>s na cama e olhou para baixo, para a loja de Sylvain Marquis. Tinha<br />
ficado tão animada ao encontrar a<strong>que</strong>le pe<strong>que</strong>no apartamento para alugar bem acima da<br />
<strong>chocolate</strong>rie dele. Pareceu tão mais real, tão mais o <strong>que</strong> ela <strong>que</strong>ria fazer do <strong>que</strong> um hotel<br />
luxuoso na Champs-Élysées. Podia ter vindo com alguns sacrifícios, como ter de descobrir<br />
como usar uma máquina de lavar, mas isso parecia um preço razoável a ser pago. Até agora. E<br />
agora estava ali, presa bem acima da <strong>chocolate</strong>rie de um verdadeiro cretino.<br />
Ela ainda podia ir a um hotel, talvez. Mas, então, qual o sentido de estar ali se fosse se<br />
hospedar em um hotel como fazia em todas as viagens de negócios?<br />
Olhou para a sacola de <strong>chocolate</strong>s sobre a cama. Não, disse a si mesma com firmeza.<br />
Voltou a olhar para a placa da loja <strong>que</strong> exibia o nome SYLVAIN MARQUIS.<br />
O aroma de <strong>chocolate</strong> exalava das caixas. Sua cidade natal tinha aroma de <strong>chocolate</strong> o<br />
tempo todo. Não da<strong>que</strong>le tipo de <strong>chocolate</strong>. Não da<strong>que</strong>la refinada qualidade, não do trabalho<br />
da imaginação e das mãos de uma pessoa.<br />
Talvez devesse experimentar apenas um. Para provar como ele estava superfaturando o<br />
produto.<br />
Enquanto um sabor puro como o pecado invadiu sua boca, e seu corpo todo se derreteu<br />
em resposta, pressionou a testa sobre a janela, sentindo-se indefesa, tentando manter uma<br />
careta. O <strong>que</strong> era difícil de conseguir com todo a<strong>que</strong>le <strong>chocolate</strong> derretido.<br />
Ele era tão delicioso.