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— Sério? — Cade sentia como se tivesse sido jogada de para<strong>que</strong>das de volta para a sua<br />
zona de conforto. O mais desconfortável mesmo era conversar com a mulher cujo filho ela<br />
namorava. Entendia <strong>que</strong> as pessoas tentavam travar relações profissionais por meio de<br />
conversas durante as festas. — Qual é exatamente a sua área de interesse?<br />
— Ainda estou explorando — Natalie disse com alegria. — Fazendo diferentes estágios.<br />
Ah. Cade segurava um punhado de feno e com ele alimentava uma cabrita com grandes<br />
olhos travessos. — Estágios, hein? — Ela, ou melhor, a fábrica Corey, vinha sendo<br />
considerada uma fonte de oportunidades desde <strong>que</strong> ela estava nos últimos anos do ensino<br />
fundamental.<br />
— E também tenho um pouco de experiência com <strong>chocolate</strong>. Sylvain me deixou estagiar<br />
com ele quando fiz o ensino médio. Assim, combino qualificações tanto como administradora<br />
quanto como gourmet no negócio dos <strong>chocolate</strong>s.<br />
— E ela é irrepreensível — Sylvain mencionou secamente, voltando à conversa. — Isso<br />
é um alerta, não uma estratégia de vendas.<br />
— Excelente — Cade riu. — Gosto disso em um estagiário.<br />
Se havia uma coisa pior do <strong>que</strong> ser a “escolha” de uma mulher, era ser grata por isso,<br />
Sylvain pensou, segurando com força a faca de chef e demonstrando uma falta de jeito<br />
incomum ao cortar.<br />
Mas, pelo menos, rodeado pela família e pelos risos, ele podia ignorar aquilo por algum<br />
tempo. Pediu a Cade <strong>que</strong> ficasse ao seu lado e cortasse os cogumelos, em parte por<strong>que</strong> sempre<br />
<strong>que</strong> ele a deixava por conta própria, ele nunca sabia o <strong>que</strong> iria acontecer. Ademais, sua mãe<br />
poderia envenenar o vinho dela. Sua irmã Natalie poderia entregar-lhe um currículo. E parecia<br />
haver um potencial infinito de combinações fatais com muito álcool e tantos forcados. Era<br />
praticamente impossível fazer com <strong>que</strong> sua família toda se comportasse durante um fim de<br />
semana inteiro.<br />
Mas, principalmente, por<strong>que</strong> ele gostava de vê-la cortando cogumelos ao seu lado. Ele<br />
gostava de poder roçar seu corpo no dela de vez em quando. Gostava da enorme concentração<br />
com <strong>que</strong> ela cortava, como se estivesse com medo de <strong>que</strong> pudesse fatiar um único pedaço de<br />
modo equivocado, caso não prestasse atenção.<br />
Adorava tê-la como parte de sua cozinha <strong>que</strong>nte, feliz, ruidosa, quando todos se ajudavam<br />
no preparo das mesas de bufê, para enchê-las e alimentar os convidados.<br />
A<strong>que</strong>le era o tipo de coisa <strong>que</strong> ele amava e, por isso, não perdia uma festa de família por<br />
nada deste mundo. Todos de bom humor, todos rindo, todos irradiando energia com o objetivo<br />
de dar o melhor possível para Thierry, na<strong>que</strong>le seu aniversário de 50 anos.<br />
— Ei, Sylvain, fi<strong>que</strong> de olho nessa sua ladra! Não a deixe roubar nada! — Um dos<br />
primos gritou.<br />
Sylvain riu, mas Cade ficou triste. Incapaz de se conter, ele colocou a mão na nuca dela e<br />
beijou-a com força. Ao endireitar-se, viu <strong>que</strong> cerca de cinco pessoas os analisavam na maior