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Havia caminhado o dia todo. Passado por fontes muito bonitas, vislumbrado pátios<br />
escondidos, vitrines de lojas <strong>que</strong> eram trabalhos de arte. Os edifícios, as ruas, os<br />
paralelepípedos, onde os saltos de suas botas afundaram... Era tudo tão, tão... Paris. Havia<br />
caminhado ao longo do Sena, e ele era frio, marrom e maravilhoso. E a catedral de Notre<br />
Dame se elevava diante dele e, e...<br />
... Ela chegaria ao próximo chocolatier em sua lista. E ia se envolver ao máximo, cada<br />
vez mais, e entraria de cabeça. E o aroma e a visão do <strong>chocolate</strong> a embalariam de modo tão<br />
elegante e extraordinário, e...<br />
... E o chocolatier diria não. Simon Casset lançou-lhe um olhar rápido, penetrante e azul<br />
como o aço e recomendou <strong>que</strong> ela falasse com Sylvain Marquis. Contudo, a pe<strong>que</strong>na contração<br />
nos lábios rígidos deixou claro <strong>que</strong> ele só estava dizendo aquilo para dificultar as coisas para<br />
Sylvain e não por demonstrar um esforço sincero em ajudá-la. Philippe Lyonnais ficou<br />
olhando para ela com olhos <strong>que</strong> rapidamente passaram de azuis escuros para cor de mar<br />
tempestuoso, e ele de fato rosnou para ela. Um rugido como o de Aslan, o leão de Nárnia.<br />
Ainda sentia um zumbido no ouvido ao sair da loja.<br />
Às vezes, o “não” vinha de maneira mais gentil, como se ela fosse uma jovem ingênua<br />
<strong>que</strong> não entendesse coisa nenhuma. Às vezes, era rejeitada com um olhar perplexo, como se a<br />
pessoa ficasse imaginando de onde os americanos tiravam a<strong>que</strong>las ideias insanas. Às vezes,<br />
eram impacientes, como se estivessem bem sem paciência com os americanos e suas ideias<br />
loucas. Um rejeitou sua oferta flertando com ela, como se ela fosse capaz de convencê-lo caso<br />
seguisse o caminho certo.<br />
Ela manteve o chocolatier galanteador na lista de possibilidades. Ele tinha 60 anos e ela<br />
tinha certeza de <strong>que</strong> ele só estava tentando seduzi-la, mas ela precisava manter alguém na lista.<br />
Não dava para entender por <strong>que</strong> ele dissera não. É claro <strong>que</strong> eles tinham seus princípios<br />
sobre a arte da fabricação de seu <strong>chocolate</strong>. Foi isso <strong>que</strong> chamara sua atenção; a<strong>que</strong>le era o<br />
mundo <strong>que</strong> ela tão apaixonadamente desejava possuir.<br />
Mas por <strong>que</strong> eles não estavam dispostos a vender a ela? Eles agiam como se a venda<br />
fosse, de certa forma, destruir tudo aquilo. Como se fossem uma velha senhorinha teimosa em<br />
um chalé histórico com seu adorado jardim, recusando-se a vendê-lo para um grande<br />
conglomerado da construção <strong>que</strong> quisesse destruí-lo. E não era absolutamente nada disso <strong>que</strong><br />
Cade estava tentando fazer.<br />
Talvez ela tivesse feito tudo errado. Talvez ela devesse ter vindo com seu grupo de<br />
advogados, executivos e assistentes para impressioná-los.<br />
Será <strong>que</strong> teria funcionado? Uma visão do rosto arrogante, sexy e teimoso de Sylvain<br />
Marquis apareceu em sua mente, e ela suspeitou <strong>que</strong> sua reação aos advogados ainda seria<br />
uma rejeição.<br />
E de qual<strong>que</strong>r forma, ela não quisera trazer nenhuma dessas pessoas. Ela <strong>que</strong>ria <strong>que</strong><br />
a<strong>que</strong>la fosse a sua aventura em Paris. Queria vivê-la sozinha, entrar nos lugares e conversar<br />
de pessoa para pessoa, <strong>que</strong>ria... viver um sonho. A linha premium de <strong>chocolate</strong> foi a única