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conhecera em sua vida. Uns usavam macacões e traziam palha nos dentes. Outros usavam<br />
grandes chapéus moles e girassóis enormes. Outros, ainda, tinham suspensórios coloridos e<br />
galochas. Alguns, um pouco envergonhados, usavam jeans e um boné de beisebol, como se<br />
aquilo fosse o melhor <strong>que</strong> tinham. Lá no final do pátio, um homem alto e magro parecia<br />
sobrecarregado com enxadas e pás para distribuir.<br />
— Sério, não lhes diga meu nome — Cade pediu uma última vez, cochichando para<br />
Sylvain.<br />
— Maman! — Sylvain exclamou, ignorando o comentário de Cade por considerá-lo<br />
lamentável. — Onde está papai? Como foi a viagem?<br />
Uma mulher <strong>que</strong> parecia como se fosse a quintessência da elegância trajava em macacão<br />
enorme, talvez três números mais do <strong>que</strong> o necessário, abraçou Sylvain bem forte,<br />
pressionando seu rosto por um longo tempo ao dele, repetindo isso umas quatro vezes. — Ça<br />
va, mon petit choux?<br />
— Maman, esta é Cade Corey.<br />
Canalha! — pensou Cade. Ela sempre soube <strong>que</strong> ele merecia ser roubado.<br />
A mulher parecia uma versão mais velha de Chantal. O cabelo era um pouco mais curto,<br />
adequado a sua idade, e provavelmente tingido de loiro, mas perfeitamente penteado e<br />
elegantemente alisado. Vestia-se da maneira econômica e elegante <strong>que</strong> as mulheres parisienses<br />
pareciam fazer tão bem, como se elegância tivesse tudo a ver com gosto, e nada a ver com<br />
dinheiro, embora, talvez por um palpite, Sylvain lhe tinha dado um cachecol da Dior <strong>que</strong><br />
acrescia o to<strong>que</strong> perfeito de cor a sua roupa. Sua maquiagem era sutil e eficaz, e os óculos<br />
ajudavam a disfarçar as linhas do riso e as marcas da fumaça do cigarro em torno dos cantos<br />
de seus olhos. Ela deu dois beijos em Cade, sem mesmo tocar em suas bochechas. — Ah,<br />
então você é <strong>que</strong> é a ladra — disse ela sem rodeios.<br />
Sylvain, o canalha completo e absoluto, já estava virando-se para apertar a mão de outro<br />
homem, para ser beijado por outra pessoa, rindo.<br />
— É complicado — disse Cade. Sobrancelhas perfeitamente feitas se levantaram. E<br />
esperaram.<br />
— Eu precisava fazer algo dramático para chamar a atenção dele — Cade tentou explicar<br />
apressadamente.<br />
— Ele disse <strong>que</strong> o <strong>chocolate</strong> era mais importante do <strong>que</strong> eu.<br />
— E ele estava certo? — Marguerite Marquis perguntou de maneira objetiva.<br />
Cade ainda estava perplexa, tentando descobrir a resposta, quando uma voz muito lúcida<br />
exclamou junto a seu ombro: — Bonjour! Você é a ladra de <strong>chocolate</strong>? Não ouvi o suficiente a<br />
seu respeito. Je m’appelle Natalie.<br />
— Minha irmã — Sylvain reapareceu para explicar, quando uma jovem, na casa dos 20<br />
anos, magra e de cabelos escuros, beijou Cade no rosto.<br />
O homem <strong>que</strong> estivera distribuindo enxadas e pás parou diante deles. Usava um chapéu<br />
grande e flexível, sob o qual era visível seu cabelo bem cortado e prateado. As enormes