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Encantado, ele sentou-se tão perto <strong>que</strong> seu peso se fez sentir contra a coxa dela. A<strong>que</strong>la<br />
colônia barata e o odor do corpo eram como <strong>que</strong> agressões. E ainda havia o cheiro de lanolina<br />
de algum produto <strong>que</strong> fazia seu cabelo brilhar.<br />
Ela saiu de perto num pulo, fechando o laptop enquanto se distanciava. Não sabia o <strong>que</strong><br />
dizer. Era difícil pensar em como dizer “Saia de perto de mim!” em outra língua, quando não<br />
havia tempo para consultar um dicionário. “Saia daqui”, por exemplo. Como seria isso em<br />
francês? Ela estava quase certa de <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r tentativa teria significados desastrosos e não<br />
premeditados.<br />
— Chérie, ne sois pas comme ça — ele veio para mais perto dela, tentando alcançar seus<br />
ombros.<br />
Ela deu uma guinada para o outro lado ou cairia no Sena. — “Quando ele me toma em<br />
seus braços, ele sussurra para mim...” — era o <strong>que</strong> dizia a canção nas caixas de som de um<br />
barco turístico <strong>que</strong> passava na<strong>que</strong>le momento. “Quand il me prend dans ses bras, il me parle<br />
tout bas...”<br />
— Vou tomar-lhe em meus braços — disse o homem. E, de fato, foi o <strong>que</strong> tentou fazer,<br />
agarrando-a pela cintura. — É por isso <strong>que</strong> você está aqui, não é mesmo?<br />
Cade segurou o laptop com força e com ele golpeou o peito do homem, empurrando-o tão<br />
forte quanto possível.<br />
Aparentemente, ele não esperava <strong>que</strong> ela tivesse tanta força, por<strong>que</strong> recuou um pouco. Só<br />
<strong>que</strong> não havia espaço para recuar. Seus olhos se arregalaram; com o pé procurou pisar em<br />
alguma coisa, e agarrou o laptop para equilibrar-se.<br />
Ela não conseguiu manter o laptop consigo. A água respingou para todos os lados e<br />
atingiu o rosto de Cade, quando o homem e o laptop caíram no rio.<br />
Merde. Cade tentou se lembrar de exatamente quando havia feito o último backup de seus<br />
dados.<br />
E isso foi antes de vir para Paris. Portanto, a semana <strong>que</strong> passou trabalhando na Corey,<br />
preparando-se para o <strong>que</strong> faria em Paris, afundou nas águas do Sena, nas mãos de um porco.<br />
Atrás dela, nos diversos cais acima, muitas pessoas saudavam-na, com muitos vivas e<br />
aplausos. Três mulheres claramente parisienses e um casal de rapazes estavam no espaço entre<br />
duas pe<strong>que</strong>nas livrarias verdes, gesticulando e fazendo sinal de positivo. Ela sorriu.<br />
O homem reapareceu; a corrente do rio o puxava para longe dela. O laptop não apareceu.<br />
Não <strong>que</strong> ele conseguisse sobreviver a um mergulho no rio... O homem xingava e tossia.<br />
Ela ofereceu-lhe a mão e o conduziu rio acima, contra a corrente, para <strong>que</strong> ele subisse pelos<br />
cais superiores. Ela atingiu o topo da escada junto com o grupo <strong>que</strong> a havia saudado. Todos<br />
sorriam para ela. Uma morena magra com a<strong>que</strong>le elegante olhar parisiense, vestindo calças<br />
pretas, botas de cano alto, um cachecol cinza, e uma pulseira de prata, <strong>que</strong> lhe conferia o to<strong>que</strong><br />
perfeito, convidou: — Sérieux, on peut t’offrir un verre? Ou seja: — Podemos oferecer-lhe<br />
uma bebida?