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01 - Melhor que chocolate

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— Você saberia — Sylvain disse de maneira seca.<br />

Ela era linda, e tinha uma longa história de, por um lado, permitir <strong>que</strong> idiotas a usassem<br />

e, depois, dessem meia-volta e, por outro lado, usar caras legais para fazê-la se sentir<br />

melhor... Ela havia sido, de fato, uma dessas amigas com <strong>que</strong>m ele havia fantasiado na escola<br />

e <strong>que</strong>, certa vez, ele havia seduzido com sucesso, com <strong>chocolate</strong>; isso quando ele tinha 16<br />

anos e ela, 18.<br />

Na manhã seguinte, ela havia processado a sedução como uma mancha na sua amizade,<br />

agindo de maneira gentil e, especialmente, bastante condescendente a respeito. Ele a perdoara,<br />

por<strong>que</strong> era louco por ela; estava ferido, mas louco por ela; e ela tinha seguido a vida com um<br />

dos idiotas com os quais gostava de sair na época.<br />

Chantal enrijeceu. — Sabe, Sylvain, estou... Quase uma década mais velha agora...<br />

Ele estava quatorze anos mais velho, porém o tempo corria um pouco diferente para<br />

Chantal, <strong>que</strong> resistia admitir já estar na casa dos 30 anos.<br />

Com as pontas dos dedos, ela delicadamente tocou a palma da mão dele. — Você não<br />

acha <strong>que</strong> eu poderia ter aprendido a gostar de você?<br />

Chantal sempre tivera um sentimento de posse quando ele saía com outras mulheres. Ela<br />

se sentia bem como amiga quando ele não estava namorando ninguém, mas sempre o <strong>que</strong>ria de<br />

volta quando ele estava. Ela precisava de um cara legal em sua vida; só não sabia como se<br />

comprometer com alguém. Quando adolescente, a vida de Chantal fora um verdadeiro<br />

fracasso. Ele gostava dela e compreendia esses aspectos todos, daí sua tolerância em relação<br />

a alguns assuntos. Mas havia limites.<br />

— Ela sabe o <strong>que</strong> <strong>que</strong>r — ele falou de repente.<br />

— O quê? — Chantal olhou desconfiada.<br />

— Ela merece um crédito. Ela pode <strong>que</strong>rer me usar, mas ela <strong>que</strong>r me usar — e ele <strong>que</strong>ria<br />

usá-la. Usá-la cada vez mais, de todas as formas possíveis. Mas também <strong>que</strong>ria fazê-la sorrir.<br />

Queria <strong>que</strong> ela se enrolasse no abrigo de seu corpo quando o vento estivesse frio. Queria<br />

colocá-la sobre o balcão de sua loja e alimentá-la e a<strong>que</strong>cê-la com seu <strong>chocolate</strong>. — No<br />

início, ela <strong>que</strong>ria o meu <strong>chocolate</strong> ou <strong>que</strong>ria a mim, e foi buscar, e jamais pensou <strong>que</strong> pudesse<br />

<strong>que</strong>rer outra pessoa.<br />

— E Domini<strong>que</strong> Richard? — Chantal perguntou defensivamente. — Ela me disse <strong>que</strong><br />

gostava mais do Domini<strong>que</strong> Richard.<br />

— Estava mentindo. Ela é uma mentirosa convincente — na verdade, Cade era uma<br />

mentirosa muito erótica, isso sim! Fazia com <strong>que</strong> ele desejasse capturá-la... Hum, empurrá-la<br />

contra a parede molhada do boxe do banheiro dele, coisa <strong>que</strong> eles ainda não haviam tentado, e<br />

fazê-la admitir a mentira.<br />

— Como você pode ter tanta certeza?<br />

— Chantal — Sylvain olhou para ela e apenas balançou a cabeça. — Estou certo de <strong>que</strong><br />

ela estava mentindo sobre Domini<strong>que</strong> Richard. Certo. Mas certo de <strong>que</strong> não vou me<br />

decepcionar, certo de <strong>que</strong> isso vai terminar bem? Acho <strong>que</strong> as chances são uma em cem.

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